Alguma vez me disseram que é preciso saber que alguns Sonhos, Sonhos São. Eu, Aquela Mulher Pássara, faminta de concretude, discordei. Faz tempo isso, eram Anos Dourados. Hoje, por conta de alguns, caminho pelos sonhos, pisando levemente. Desde meus dezesseis anos sonhava em estar com ele, o Meu Menino. Estar com ele em noite de Lua Cheia, Olhos nos olhos, nos Amando sobre os Jornais. Sonho inteiramente plausível a um suburbano coração. Já estivemos muito perto um do outro. Eu, com todo sentimento no olhar. Ele, passando por todos os Tablados seus raios verdes de Sol e Chuva, cantando uma Canção nas minhas lembranças. Somos assim, vivemos o presente com o pé no passado, e nessas buscas do passado, revivemos momentos únicos, que não voltam mais. A vida sempre coloca o passado no nosso presente. E do nada reencontrei o primeiro amor, depois de vinte anos. Eu vivendo meu dias, minha realidade, longe dos sonhos. Ele vivendo a dele, talvez sonhando encontrar em mim a mesma menina. O encontro, claro foi virtual, apenas palavras, nunca nos olhamos nos olhos, apenas por fotos. Mudamos fisicamente, mudamos a alma. O sonho do nada corre o risco de deixar o passado, mas no presente o Meu Menino, é um Sapo amargurado. E pensar que nas horas difíceis da vida, agarrei-me nesse passado, sonhando que com ele poderia ter sido melhor, poderia ter sido mais amada, mais compreendida, poderia ter vivido um Love Story eterno. Qual o que, quando vi o passado batendo a minha porta, vibrei, cheguei a iludir-me com velhos sonhos. Percebi que entrar nos bastidores do passado não seria acalanto. nunca quis ser benvinda, nunca quis partilhar seu cálice. Não queria estar cara a cara em meio a tantas palavras. Havia dois oceanos nos separando, para o bem dos meus sonhos. Hoje eu sei. Quero ser a eterna Menina, ver-me em todas as vitrines do meu passado, brincando de esconde-esconde com a permuta dos sonhos. Só o quero no meu Sonho Impossível. E, ao som de um Blues, deslizar meu Olhar pelo seu Retrato em Branco e Preto e deixá-lo preenchendo, de todas as maneiras, o meu desvairado cotidiano. Hoje eu o tenho na parede da minha memória, nada mais. Não quero substituir boas lembranças, por um presente recalcado, frustado e chato. O primeiro amor, faz parte do passado, e lá deve permanecer. Porque agora sei: alguns Sonhos, Sonhos São e o Passado deve permanecer no seu devido lugar.
Sonia Lupion Ortega Wada
Enviado por Sonia Lupion Ortega Wada em 07/12/2011
Código do texto: T3376057
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