A Lenda de Atotô

" Se você ver um velhinho

no caminho,

pede a bênção a ele..."

Certa noite, tive um sonho, em que estava dentro de uma casa de barro. Pensei em sair da casa, e descobrir onde eu estava, mas senti uma intuição me dizendo que eu deveria esperar, esperei, então!

E para a minha surpresa e medo, surgiu pela porta, um homem vestido com um manto coberto por palha.

Diante dessa presença toda coberta, senti muito medo; medo de tolo diante do desconhecido; medo de gente com medo do diferente. Ao perceber o meu temor, esse Ser começou a desaparecer; daí, percebi, que aquele Ser Espiritual era Omulu, o Orixá da Cura, e falei:

- Perdoe-me, Atotô, Pai da Cura! Esse vagamundo ainda demora um pouquinho para permanecer consciente no astral. Volta, meu Orixá, e me revele o motivo da sua visita.

Então, Obaluê foi retornando e tirando o seu manto de palha, e acordei ainda com os olhos cobertos de luz.

" Obaluaê é bonitinho

Obaluê é diferente

Acorda quem está dormindo

Levanta quem está doente"

Notas: Na cosmologia dos Orixás, Omulu ou Obaluaê, é o orixá da humildade, senhor da doença e da cura, médico dos médicos. Durante o dia vem em forma de cura, sanando todos aqueles que necessitam, à noite vem como a morte, recolhendo os que de alguma forma chegou a hora. É representado com o rosto coberto de véus de palha por causa de sua associação, na África, com a varíola que dá feridas no rosto: ao dançar, se contorce como se tivesse dor ou fraqueza.

Na mitologia africana, ele é filho primogênito de Oxalá com Nanã. Sendo dotado de uma grande criatividade e timidez, foi o precursor da caridade, da humildade e do desapego material. Foi um grande pensador que andava pelos reinos semeando a sabedoria.

Médico dos pobres, senhor absoluto de todas as doenças de pele e infecciosas. Protetor dos desamparados, humildes, doentes e médicos.

Dentro de uma nova visão espiritual umbandista, é o orixá da energia cósmica que, ao penetrar em nossa atmosfera, recai sobre diversos habitats, como Oxum e as águas doces, etc. Ele é um dos sete orixás (puros) tendo como desdobramento a orixá Nanã. Ele vive na Calunga pequena (cemitério), aí se dando a concentração maior de sua energia (positiva ou negativa). Seus sensitivos, ao manifestarem a presença de Omolú, curvam seu corpo a terra, ficando o mais perto possível dela. Representa também a grande transformação do ser, ter que morrer para o pequeno e renascer para o grande, sem precisar deixar a matéria (morte).