Aqueles natais

Aqueles natais eram especiais, embora eu não soubesse. Todos estavam lá.

Éramos poucos na maior parte das vezes.

A irmã do meu pai, o tio e a prima.

O cardápio não variava, mas era aquela delicia de sempre: o pernil assado, a maionese, a farofa.

Numa noite de natal um papai noel apareceu defronte ao nosso prédio na av. Lacerda Franco e começou a cantar e a badalar um sino. Da janela da sala, a minha irmã, a minha prima e eu resolvemos aplaudir: “vamos bater palmas? Vamos.” O papai Noel agradeceu.

Poucos presentes, não importa! A gente nunca foi fissurado em abrir os pacotes coloridos porque enfrentávamos bem a realidade, sem reclamações ou resmungos. Nunca sustentamos sonhos de consumo além dos nossos limites. Mas bastava o tocar da campainha:alguém chegava. Os abraços iam acontecendo, junto com o sorriso sincero e bom. Não eram muitas as conversas, mas as pessoas estavam lá. Todos com as melhores roupas e os melhores sentimentos.

Outros natais: na casa dos parentes do meu marido: muita, mas muita gente. Quanta felicidade! Gente nova, outros nem tanto. Uns se preparando para nascer e outros já próximos de uma outra dimensão. Todos partilhando as melhores comidas, o abraço tão forte, as conversas tão intensas, duradouras e risos. E mais gente ia chegando... sempre mais e vinham os olhares brilhantes, os convites à vida verdadeira e plena.

O Cristo ia se fazendo presente na nossa casa, em tempos de solteira, apenas com a tia Evelina, o tio Edgar e a minha prima Cris e a nossa família.

Depois, casada, na casa dos parentes do meu Nelson .

Jesus gostava de passear por ali. Eu tenho certeza disso. Ia passeando como ilustre convidado, silencioso e manso e percebendo que as pessoas se ajudavam nos momentos de infortúnio, ficavam contentes na partilha e uns torciam pelos outros verdadeiramente.

Mas o tempo começou a chamar muitos deles para passarem o natal em outra dimensão. Uma outra ceia. Um banquete mais intenso, quem sabe, no silêncio da doçura do eterno?

E a todos eles eu dedico uma parte grande do meu coração. É o melhor que tenho para dar. Todos me fazem uma falta imensa, ainda choro de saudades, mas todos tiveram o seu lugar na história, contribuíram para que o mundo – o nosso mundo – fosse mais humano, complacente, caloroso e cristão.

Que o Natal para todos seja a troca do amor genuíno, que Cristo goste de nos visitar, de se sentir convidado para a nossa vida sempre. E que esteja presente na alegria de estarmos vivos na abundância da bondade que vem do Alto.

Um Felicíssimo natal para todos os amigos queridos desse site, que compartilham comigo os momentos mais importantes e interessantes das suas vidas.

Vera Moratta
Enviado por Vera Moratta em 08/12/2011
Reeditado em 08/12/2011
Código do texto: T3378848