A palmada da lei

Eu li, não sei mais onde, que está em votação a “lei da palmada”. Aos pais que punirem seus filhos com palmadas serão denunciados e terão que freqüentar “escola para pais”.

Parei aí. Como assim?

Em meio a tantas notícias de pequenos e grandes monstros criados por nossa sociedade falida e desajustada de pais irresponsáveis, que causam dor e encerram vidas inocentes, que desacatam as Leis de Deus e sequer sabem o que isto significa, alguém vem falar e irromper nossos lares com “lei da palmada”? Alguma coisa está muito errada ou a direção do carro é contrária. E justo nesta contramão vem a difícil tarefa de educar e criar nossos filhos com sensatez, cidadania, respeito e amor.

Não falo que o castigo, que bater seja necessário. Mas nunca vi palmada na hora certa ferir alguma criança. Aquele tapa no traseiro quando a conveniência foi ultrapassada, quando a situação merece autoridade, quando é preciso parar antes dos danos maiores, sim, esta é cabível. E vamos ser punidos?

Há uma linha visível e grosseira separando o que é conduzir, frear, educar, do que venha a ser violência. Antes de tudo é preciso separar estes dois lados e duvido que numa hora de desespero alguém socorra uma mãe que vê seu filho apanhar da polícia, de rivais quando já é tarde demais pra dar a palmada.

Talvez exemplificando eu me faça entender melhor.

Certa vez, enquanto conversava com uma amiga na sala de casa, percebi que a filhinha dela de quatro anos estava tentando desligar o ventilador de chão puxando a tomada. Todo mundo sabe que criança e tomadas se atraem de tal forma que nem a física explica. A mãe afastou-a e disse firmemente para não tocar ali. Ela insistiu. A mãe voltou a falar que ia se machucar e na terceira vez deu-lhe duas palmadas. A pequena chorou, mas imediatamente mudou o foco da empreitada. Talvez tenha compreendido que se voltasse a fazer aquilo, certamente ganharia outra palmada. Para mim foi perfeita a reação da mãe, principalmente porque crianças pequenas não entendem as palavras da gente. Acredito até que haja um dialeto nesta fase da vida que desconhecemos. E vamos fazer o que? Deixar que se machuquem, que batam em outras crianças no parquinho porque insistem no brinquedo que não lhes pertence? Vamos permitir que quebrem tudo em casa, que destratem as pessoas e os amiguinhos na escola? Em nome de que? Do amor? Então está na hora de realmente irmos pra escola. Mas para aprendermos a diferença entre amar e ser conivente. Amar e ser permissivo. A diferença entre criar filhos e preparar cidadãos. Porque os limites não são respeitados se não forem explicitados de maneira irrevogável. Impor autoridade, comando, não significa ser rude, violento. Mas quando o dialeto fica incompreensível, a palmada dada na hora certa e no instante do flagrante em nada constitui erro ou seja passível de punição aos pais. Que não se torne um hábito é pelo que se deve tratar a lei e não a proibição. É preciso ainda uma exaustiva discussão para que se desautorizem os pais de forma legal quando o que fazem for para educar e não violentar. Em nosso país a justiça anda de carroça puxada a bois. E aí eu pergunto: De que forma isto será discutido, esclarecido? Cuidado há que se ter com denúncias. Vizinhos, parentes e desafetos mal informados e vingativos se tornam poderosos em momentos feito estes. Violência não. Palmada sim.

Definitivamente sou contra a tal lei. Já se criam monstros suficientes com atitudes não tomadas, palmadas não dadas e omissão sempre justificada. Lei pra que?

Uma dica legal: “Corações em conflito”. Filminho “mara”!!

Dona Cris.

Cristiane Maria
Enviado por Cristiane Maria em 08/12/2011
Código do texto: T3378868
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