Deliciosas Lembranças!

Dia desses, final de ano, estava andando por São Paulo não a passeio, mas trabalhando e aí não tem jeito. Congestionamentos por todo o lado, excesso de carros, caminhões, motos, pessoas. Mesmo usando os chamados caminhos alternativos... A impressão que se tem é que toda a cidade vai para a rua. Horas e mais horas gastas para se chegar nalgum lugar e outras tantas para voltar.

Compromissos cumpridos, clientes atendidos, reuniões terminadas... Só não contávamos com a chuva. Chuáááááááá! Veio com tudo! Anoiteceu em questão de segundos, relâmpagos rasgavam os céus numa fúria desvairada, os trovões não deixavam por menos e completavam o coro. As ruas se encheram d’água. Tenho um amigo que sempre diz: ‘Faça da tragédia um momento bom’.

Na secura e aconchego do carro que eu estava avistei alguns meninos brincando e se divertindo na abundância da água da chuva! Nem estavam preocupados com sujeira, doenças e todos os etceteras que estão inclusos. Não deu outra! Viajei ao passado...

Verão, praia! Meu avô tinha uma casa que havia comprado de uma pescadora. Quando comprou, a casa ficava de frente para o mar, mas com o crescimento da vila outras casas foram surgindo e hoje ela (a casa) está no centro da cidade. Segundo me contou nunca mandou derrubá-la e sim aproveitou a antiga estrutura e só a revestiu com madeira por dentro e por fora e deu um toque pessoal nela, como só ele sabia dar. A casa era simples, confortável. O que eu mais gostava nela? O avarandado, amplo e em forma de “L”! Era mágico. Protegia o lado oeste da casa tornando-a mais fresca.

Em dias ensolarados e modorrentos em que só se ouvia o cantar das cigarras e nada se mexia, quedar-se ali era maravilhoso, pois na sua mágica existência transformava o mormaço numa simpática brisa.

E quando chovia? Minha irmã e eu sentávamos na beira do avarandado e observávamos a chuva cair e com o tempo o nível de água subir consideravelmente. Em volta da casa sempre alagava, mas passada a chuva o gramado absorvia toda aquela imensidão de água. Até hoje sinto o geladinho da água encostando nos pés. O gostoso da nossa brincadeira era pegar o guarda-chuva(a peça mais importante de tudo) e sair descalço jogando água uns nos noutros até acabar tudo em briga.

Quando terminei de contar ao meu motorista minhas lembranças dos dias chuvosos já estávamos na Avenida Paulista. Curtimos ver a decoração de Natal e rapidamente estávamos incólumes de volta a Cotia.
Beatriz Knorr
Enviado por Beatriz Knorr em 06/01/2007
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