PRESENTE DE NATAL

Natal, festa, alegria, esperança, presentes... Pois é, o meu filho nunca esquece de me presentear.Nesse último Natal me deu uma bermuda.De marca, claro.Não vou dizer que me vestiu bem, sobra ainda meio metro de pano para cada lado.Mas de um modo geral ficou até que mais ou menos.

Bem, assim eu pensava até que percebi-por terceiros, que era uma senhora bermuda.Os vizinhos passavam, me cumprimentavam e diziam frases do tipo:- Que presentão, heim!Ou:- Isso é que é filho...E por aí vai.Teve um momento que passei em frente a um boteco e a galera aplaudia e me chamava de felizardo.Comecei, então, a olhar e tratar a bermuda com mais carinho, ela foi a atração na pequena(porém ordeira) comunidade de Itaipuaçu.

Passado o ano novo, vários vizinhos me ligavam e pediam para assistir a posse do Lula na minha casa.Confesso que nada entendia.Será apenas um motivo para uma cervejinha 0800?Seria na realidade uma grande consideração à minha modesta pessoa? Não entendia e concordei.

Cerca de 15 horas a comunidade começou a chegar, a maioria cantando o jingles do Lula lá.Chega o grande momento e todos entram na minha sala.Sentam na já tão sofrida poltrona, numas cadeiras de ferro com propaganda da Itaipava, chão, etc. Liguei a minha velha Panasonic, 29 polegadas.Se alguém nunca ouviu o barulho do silêncio, naquele momento eu ouvi.Todos se olhavam e olhavam para mim, e eu nada entendia.Alguns começaram a se levantar para ir embora.Aí, um cachacinha da localidade foi contundente:- Oh meu, liga a merda da TV de plasma que você ganhou do seu filho.Entendia menos ainda.Tv de plasma???

Eis que a minha nora se apresenta na multidão e faz o comentário esclarecedor:- Gente, eu já entendi, eu não tinha bolsas para trazer os presentes das crianças e consegui uma caixa vazia de TV de plasma no Carrefour, com certeza alguém viu a caixa na porta, que eu colocara para o lixeiro levar e deu nessa confusão toda.

ABRIA-SE UM INQUÉRITO SOCIAL E COMUNITÁRIO

Uma senhora, antiga moradora das proximidades do local da ocorrência, viu a caixa vazia na rua.Como ela sempre foi a maior comentarista da vida alheia, espalhou a falsa notícia.A primeira a ouvir os comentários fofocativos foi uma senhora com deficiência auditiva.Ela, então, ouvindo pouco e falando muito, ajudou a propalar o tal presente que nunca rolou.

Todos foram embora chateados, mas entenderam a minha posição, continuei bem na fita e as ofensas foram direcionadas para a “FUI” –Fofoqueiras Unidas de Itaipuaçu.

Para mim serviu como uma grande lição, dessa vez a confusão foi gerada por uma caixa de TV de PLASMA.Imaginemos o dia em que essa comentarista sócio comunitária ver em alguma porta aguardando lixeiro, uma lata de vaselina, usada até mesmo para manutenção nos bornes de baterias de carro?Fico tentando imaginar:- O que dirá para as fofoqueiras unidas de Itaipuaçu?Sei lá.Assim, se você tem objetos imprestáveis, mas que possam gerar dúvidas, faça uma cremação. É mais seguro

Enorê Rodrigues
Enviado por Enorê Rodrigues em 06/01/2007
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