Dona Maria e a loteria

Dona Maria pulou de felicidade quando o apresentador da TV anunciou os dois últimos números da loteria: cinqüenta e três e quarenta e dois.

- Ganhei! – gritava Dona Maria de dentro de sua casa – ganhei 10 milhões na loteria – repetia Dona Maria para a filha e a irmã presentes no cômodo. As duas olhavam ao espetáculo surpresas. Logo, começaram ambas a festejar também. O furdunço só cessou quando o marido de Dona Maria chegou e perguntou o motivo de tanto estardalhaço. Quando soube, pôs-se a fazer mais barulho e gritaria com a esposa.

- Estamos ricos – gritava o esposo de Dona Maria – vou poder comprar o meu iate.

- Vou poder comprar a coleção de roupas da Dress To, né mãe? – falava a filha enquanto cutucava Dona Maria.

Passou-se um mês após o episódio. O guarda roupa da filha estava cheio de novos modelos da última coleção da Dress To, a sala estava decorada com quadros de Romero Britto que a irmã tanto queria e o iate do marido já estava ancorado na praia mais próxima. Dona Maria e sua família mostravam-se agora bem mais arrumados e tentando se ajustar a nova classe social em que se encontravam. Além disso, acreditavam estar bem mais felizes.

Era uma manhã de sexta feira quando Dona Maria estava em casa sozinha e ouviu um celular tocando. Chegou a seu quarto e viu que o marido tinha esquecido em casa o celular. Resolveu atender.

- Alô – falou Dona Maria

- ... – e a ligação caiu.

Muito curiosa, Dona Maria resolveu “fuçar” no telefone do marido e encontrou várias mensagens suspeitas. O remetente devia ser uma mulher já que o conteúdo das mensagens era bem romântico como, por exemplo: você é o amor da minha vida. Furiosa, Dona Maria deu um berro, sozinha dentro de casa. “Não, preciso me controlar e pensar alguma coisa.” Pensava ela.

No dia seguinte o casal acordou com o celular dele tocando. O marido nem se mexeu para atender ao telefone.

- Amor, você não vai atender? – perguntou Dona Maria.

- Não, querida, deve ser um desses clientes chatos me procurando logo de manhã!

Mais tarde o telefone do marido tocou novamente:

- O Mirna, já falei que não é para ligar para mim nos finais de semana. Minha mulher irá desconfiar. Se eu quiser, eu te ligo ok?

-blá, blá,blá,blá

- O amor, não fica assim. Você sabe que eu te amo também, quer que eu faça aquela massagem gostosa em você? Sim, faço sim, meu amor. Tudo o que você quiser!

Dona Maria, furiosa, gritou:

- Seu cafajeste, safado. Eu te dei o seu iate que você tanto queria e você me agradece como? Me traindo. – Dona Maria, muito brava, pegou a vassoura e saiu para bater no marido que lutava contra o cansaço e a falta de fôlego para correr de sua mulher. Enquanto isso, a irmã viúva conversava sozinha na sala de estar da casa e a filha experimentava mais uma vez suas roupas novas.

Após um tempo, moravam juntas agora somente Dona Maria, sua irmã e sua filha. Estava a milionária triste por causa da traição do marido. A irmã viúva estava cada vez mais falando sozinha e dizia para desespero de Dona Maria que era com o falecido que conversava. Até que um dia, que não era o dia de bom humor de Dona Maria, a milionária gritou com a irmã:

- Sua besta, o seu marido já morreu e quem o enterrou fui eu! – a irmã então a atacou. E o diagnóstico dado pelo médico para a viúva, depois de muita luta entre a irmã e Dona Maria, foi a de insanidade mental.

- Não tem cura doutor? - perguntou Dona Maria.

- Não. – respondeu o médico.

Então, depois dessas tragédias, Dona Maria e sua filha resolveram ir embora para casa. Dona Maria dirigia o seu carro novo e sua filha cantava no banco do carona. Até que por infelicidade do destino apareceu um carro vindo na contramão. Dona Maria, tentou se desviar, porém acabou batendo no carro.

As duas foram parar no hospital. Sua filha sofreu queimações e teve vários ferimentos graves e também sofreu seqüelas irreversíveis, de acordo com o médico. Dona Maria ficou preocupada com a filha. Então perguntou ao médico se ela podia fazer algo para que nada de ruim acontecesse a sua filha. Mas, Dona Maria nada podia fazer além do médico. Ele parecia ser um homem inteligente e esforçado, tinha renomado nome e estava fazendo o que podia para salvar a filha de Dona Maria que não estava mais agüentando sobreviver.

Um certo dia, logo pela manhã, o médico comunica a Dona Maria que sua filha tinha morrido. Dona Maria desesperou-se, chorou e berrou e gritou. Uma dor indescritível atingiu a mulher que não via mais sentido em sua existência. Seu marido tinha a traído, sua irmã, enlouquecido e sua filha... “Se pudesse, daria todo o dinheiro do mundo para ter a minha família de volta” pensou Dona Maria.

Stephanie Darós
Enviado por Stephanie Darós em 14/12/2011
Código do texto: T3388976
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