CADÊ A CERVEJA?
“Natal de polaco,sem cerveja caseira,cuca e bolacha de sal amoníaco,decididamente não é natal,rsrs...”
Quem mora aqui pelas bandas do Sul,.conhece bem estas tradições.
Manhã de sábado,24/12/2011.
Estamos no clima.
Polaca,minha cara metade, às voltas com as cucas recheadas.A casa incensou-se à chocolate,canela e goiabada.Tífani, a cachorrinha aqui de casa, chegada à doces,lambe o focinho,estirada preguiçosamente sobre a grama.
Um CD de músicas polonesas roda insistentemente próximo ao armário da cozinha.
A canção é animadíssima !
Um convite irresistível aos bailados estonteantes da moçada de cabelos de mel.
Difícil é não tentar acompanhar a melodia,ainda que o polonês, cá em casa, seja praticamente nulo.Então,num improviso,sai algo mais ou menos parecido com isso:
“Ol Shirin shindruska,Yelsk Votropielski!...Yelsk Votropielski!...” Vale mesmo é a intenção e o momento de sentir-se alegre,feliz.
Como diz a Simone:”Então é Natal!”.
Deixo o ambiente animado e adocicado da cozinha e posto-me à frente de casa.
Mangueira ligada, vou dar um trato na calçada.
Cenário explêndido !
Um vai e vem de pessoas abraçadas à pacotes coloridos, sacolas e mochilas.
Trânsito agitado.
Faz calor e mergulho as havaianas na água fresca que jorra da torneira.A fatura da Sanepar vai engordar um pouquinho mais nêste mês, penso com meus botões.
”Chá pra lá” – É natal!
Sinto-me uma celebridade.Tantos são os acenos,os buzinaços,as saudações efusivas.E claro, há também quem passe sem ao menos tomar o menor conhecimento da minha obesa presença.
Na rua de baixo chegam alguns visitantes.Dois carros estacionam ao mesmo tempo e um festival de abraços sela o reencontro das famílias. Alguém mais extrovertido,solta um rojão.
Jorra alegria na rua Rio de Janeiro.
É natal !
Calçada limpinha, cucas assadas, presépio, pinheirinho...Nêste, algumas bolas e enfeites que nos foram carinhosamente presenteados pela gaucha Tania Alvariz há dois anos atrás.Produtos confeccionados artesanalmente por ela e sua equipe.
Mas...Cadê a cerveja caseira ?
Dona Aidê,a nossa cervejeira,nos deu o cano desta vez.A clientela aumenta nestas datas e é compreensível que a sua produção seja insuficiente para atender à todos.
Mas,que dá uma baita de uma raiva, ah ! Isso dá.
Ocorre-nos a lembrança de um certo Armazem ,"aquêle que tudo tem",nas proximidades de Então, bora pra lá.
A dona do estabelecimento, polaca de fibra, é quem me atende.
-Tens cerveja caseira, vizinha? Pergunto-lhe.
- Sim ! E dos melhores da região. ”Ninguém bate o meu cerveja.Depois de prova-la,não vais querer outra. É o melhor da region”.Diante de tanta modéstia, mesmo receoso,adquiro alguns litros e respiro aliviado.Afinal a tradição polonesa será cumprida por inteiro.
-Fim de tarde . Rcebemos Sofia,a “Zocha”, alegre presença esperada vinda da capital, acompanhada de Lúcia,a irmã mais velha.
Abraços e beijos,alegria do reencontro,olhares azulando a tarde e entre uma conversa e outra, cerveja, cuca e bolachas caseiras.
Uma mistura aparentemente excêntrica,mas equivalente em tradição ao panetone de natal.
A cerveja espuma-se pelos copos e,todos,tiramos o chapéu pra dona do armazém.
Realmente,”o seu cerveja é um dos melhores (senão a melhor) do region”.
E, porque é Natal, agora é esperar pela ceia,que será sem muitas frescuras e certamente terá mais um pouco “do cerveja “ caseira,alegrando a polacada.
PS.A expressão “Polacada”,é a minha maneira carinhosa de falar desta gente maravilhosa,batalhadora,festeira e animada,que tem olhos de céu e cabelos de sol,à quem eu muito respeito e quero bem.
Feliz Natal à todos.