FARDO LEVE

Prof. Antônio de Oliveira

antonioliveira2011@live.com

Apesar de uma vida atribulada, crescido em idade e sabedoria, um dia

o aniversariante do Natal dirá: “Meu fardo é leve”.

– O que significará fardo leve nos dias de hoje?

Em 2012, fardo leve não há de significar: portar ouro ou espada; pautar o ano exclusivamente pelo dinheiro ou pelo poder político; sucumbir ao peso da fama, das medalhas e dos títulos, ou das drogas; depredar, pichar, sujar; oprimir o povo com impostos; compactuar com a corrupção; vender gato por lebre.

Em 2012, fardo leve há de significar: portar, às costas, somente redes e o próprio trabalho; dormir o sono dos justos; cortar os grilos sem extinguir a fauna; alçar voo alto com as asas leves e soltas; ser instrumento de pacificação; levar alegria e justiça a todo o povo; viver a primavera o ano todo.

Sem bolsa nem alforje, na expressão bíblica, ou, na expressão descontraída de Caetano, sem lenço, sem documento, nada no bolso ou nas mãos, eu quero, com amor, seguir vivendo em 2012 e, como se diz hoje em dia, no gerúndio, eu vou estar acreditando na vida. “Sin perder la ternura jamás” nem a esperança, que é, do receituário do P. Antônio Vieira, “o último remédio que deixou a natureza a todos os males”.

Sim, voarei. Aliás, canta Paulinho Pedra Azul, todo mundo quer voar nas costas de um beija-flor. Todo mundo quer viver de amor. Mas nem tudo é só querer, continua a canção. Todo mundo quer voar além. Mas não vale somente acreditar, é preciso creditar esforços. É preciso aprender a voar, ser rei nas costas de um homem bom. E, assim, aprendendo, em 2012 voarás, voarás... “Sonhar que voamos é sinal de crescimento.” (Saramago)

Natal e ano-novo se confundem na minha mente como broto de bananeira, primícias, vida nova, réveillon, prenúncio, pulsão de vida.

Feliz 2012! Que seja leve o nosso fardo, ao longo do ano. Ou então, se não for leve, leve o sintamos, à maneira de Sócrates, desconsiderando tudo aquilo que não nos faz falta para sermos felizes.