INDIGNE-SE BRASIL II: O bom exemplo vindo de Governador Valadares/MG

Por Herick Limoni*

Caros leitores,

Como disse na parte I, a situação política no Brasil está caótica, em grande medida por causa da leniência e letargia com as quais fomos acostumados desde a época da colonização. Mas, também como dito na parte I, algumas raríssimas exceções nos fazem acreditar, ainda, num futuro em que a corrupção será coisa do passado.

Um destes bons exemplos vem da cidade de Governador Valadares, localizada no Vale do Rio Doce, em Minas Gerais. Lá, diferentemente do que ocorre na maioria das câmaras de vereadores e de deputados Brasil afora, seu presidente, Heldo Armond, em seu primeiro ano no comando da casa, através de uma gestão eficiente, pautada no planejamento e controle dos gastos públicos, conseguiu o “feito” de devolver, aos cofres públicos, a quantia de R$ 1.009.101,59. A única preocupação do parlamentar é que o valor economizado não tem nenhuma vinculação com qualquer tipo de gasto do executivo, o que significa dizer que pode ser gasto da maneira que melhor convier ao chefe daquele poder. Ou seja, muito provavelmente não será utilizado para melhorar a vida do povo valadarense. Mas esse fato não diminui o feito alcançado, e deveria servir de exemplo para os outros milhares de políticos que só fazem política em benefício próprio. Acredito que aqueles que confiaram seu voto ao Sr. Armond devem estar aliviados por não tê-lo jogado na lata do lixo mais uma vez, como invariavelmente acontece.

Imaginem se essa fosse uma prática corriqueira no Brasil? Que maravilha seria! Para ficar somente em um exemplo, a fim de não me alongar muito, imaginem se o Sr. Jader Barbalho, que tomou posse no senado federal no dia 28 de dezembro de 2011, resolvesse, de uma hora para outra, devolver os mais de R$ 16,7 milhões desviados da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM)? Fico imaginando se os quase um milhão e oitocentos mil eleitores paraenses, que o colocaram lá, não estão agora arrependidos do que fizeram. Mas querem saber de uma coisa? Acredito piamente que não. Já estou por demais espantado pelo fato de terem votado contra a divisão do Estado. Infelizmente, enquanto carecermos de uma educação de qualidade, enquanto não abrirmos nossos horizontes, continuaremos a ser tratados como massa de manobra, que é jogada de um lado para o outro ao sabor dos ventos alheios.

Quem sabe se, nesse ano que se inicia, não tenhamos a grata surpresa de ver ações como essa, de Governador Valadares, se espalhar pelo Brasil. É um sonho, eu sei, mas até para pessoas céticas, como eu, o início de um novo ano nos permite sonhar com coisas que imaginamos impossíveis. É esperar para ver.

*Bacharel e Mestre em Administração de Empresas