Chuva, suor, lágrimas e sangue.

Subi à serra do Rio Grande do Sul. Há exatos quatro anos estive em Gramado e Canela, pois é que em São Francisco, cidade próxima a estes pontos turísticos, considerada uma região onde as hortênsias florescem aos montes, tenho um casal de amigos e quase todos os feriados passávamos por lá...

Agora, retornando meu acampamento para a cidade de Porto Alegre, passei o Natal ali, aproveitei para andar pelo comércio, passar pela livraria (coisa de cinema), implantada por uma senhora, ex-professora, que fala com os papéis, dorme com os livros, sente-se segura ao lado dessa fonte inesgotável de conhecimento. Talvez seja por isso que construiu este monumento. Um império. São Francisco possui vinte mil habitantes, vive basicamente da agropecuária, seu comércio é forte, principalmente pelos turistas que chegam ao final do ano, mas normalmente são durante as temporadas de inverno que estes números triplicam, a cidade se aquece, mesmo com a neve o movimento é intenso e os sotaques cantam pelos quatro cantos da cidade como se fosse uma Babel. Descem para Gramado ou param em Canela e as atrações só estão começando. Natal nestas duas cidades (Gramado e Canela) é regado a muito chocolate, o comércio investe nesse negócio e os consumidores agradecem. É uma festa! Agora mais, já que a telenovela do horário das dezoito horas, “A Vida da Gente”, passar-se na Região Sul, precisamente Gramado e Porto Alegre, atentando aos telespectadores para as belezas destes lugares.

Mas a chuva que acometeu a região há algumas semanas não livrou aos agricultores, que ávidos pela sobrevivência carregam na produção de uvas seu ganha-pão. Parreirais destruídos, famílias sem festas ao final de 2011, um prejuízo de aproximadamente 30 mil reais. Parece pouco, porém para aqueles que deram duro o ano todo para colher os louros ao final do ano que acabou recentemente é muito. Um sentimento que agrega suor, lágrimas, chuva e sangue.

A esperança parece estar distante, mas a vontade de trabalhar e fazer render os esforços são palavras correntes entre os que tiveram suas plantações devastadas pela fúria da natureza que reage em meio ao seu sofrimento.

Sergio Santanna
Enviado por Sergio Santanna em 04/01/2012
Código do texto: T3421356
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.