TRAVESSIA

Já escrevi sobre tempos passados, contabilizei perdas e ganhos, mas agora, ao começar a travessia de mais um ano, quando a gente coloca o pé para sentir a temperatura das águas deste 2012, fico fazendo um exercício premonitório, o que estará sob estas águas? Hoje, 04/01, só molhamos a ponta do pé e “devagarzinho” vamos mergulhando até a linha da boca e, após fins de junho, a água vai abaixando para a gente sair do outro lado, em 31/12/2012, com ela de novo nas solas dos pés. O que esperar desta travessia? Águas turbulentas, redemoinhos que nos puxam para águas profundas, ou nos elevam às alturas do além? Mais perdas do que ganhos?

Para nós que já passamos da metade de um século é natural que tenhamos mais perdas dolorosas, os ganhos são bem vindos, mas já não fazem tanta diferença. Sabemos que não são todos que iniciam a travessia que chegam do outro lado. Esta jornada não é como um jogo de futebol, no qual podemos substituir os jogadores, pois pessoas não se substituem. Aquele que partiu e fez diferença sublinhou, senão, sublimou. Por outro lado, temos aqueles que se agregam a nós no meio da travessia, sobrinhos, netos, genros que trazem muitas alegrias, mas não substituem os que não atravessaram.

Quando penso assim, vêm à mente alguns pensamentos, um deles diz assim:

Entre a alvorada e o por do sol perdeu-se um minuto, enfeitado de sessenta segundos resplandecentes, não há recompensa para quem encontrá-lo, pois este se perdeu pela eternidade.

Outro é de um quadrinho com um menino cabeçudo contemplando o poente:

Aproveite bem o aqui e o agora, pois não sabemos se lá haverá o aqui e o agora.

Então, minha gente, é isso, vamos dar importância ao que realmente interessa. Cada um tem sua escala de valores, façam suas reflexões, talvez, seja o caso de alterar estas preferências.

Um beijo a todos.

Defranco

Defranco
Enviado por Defranco em 05/01/2012
Reeditado em 24/02/2016
Código do texto: T3423048
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