Resposta à Dona Edna
Dona Edna, quem foi que disse que estou tecendo comparações antropomórficas entre o casamento e o ato de comprar uma bicicleta? De onde tirou tanta imaginação? A propósito, já sou casado, tenho bicicleta e acho tudo isso um saco, como diria mestre Raul.
Por outro lado, a impressão que tive foi que você ou leu apenas o título do capítulo da vida ou não soube interpretar o texto do dia-a-dia, pois se estou de ressaca não significa que tenho que tomar banho gelado. Ademais, minha ressaca é uma antiga e sincera amiga. A dor é necessária. E veja bem, antecipando e quebrando eventual comentário idiota advindo de sua parte, quando digo que a dor é necessária não estou afirmando que sou masoquista ou o que quer que você entenda.
Com relação à fome que disse sentir em tempos idos, talvez não me expressei de forma clara, mas se tratava de uma fome de consertar o mundo, não a fome de um maldito “sanduba”. Tenha paciência!
Agora, o pior de tudo, o mais frustrante quando se comunica, ou pelo menos tenta se comunicar com um ser dito pensante, é o fato do argumento do “faz de conta”. Minha desconhecida interlocutora provavelmente não teve acesso à informação de que há muitos anos saí do mundo de faz de conta, e que nem assisto mais os ursinhos carinhosos e muito menos brinco de carrinho em cima da mesa de jantar. O buraco é mais embaixo e não tem fim. A historinha infantil teve um decrépito final infeliz. A vida não passa de uma contínua desintegração de átomos e células nervosas, a vida de um modo genérico.
Diante isso, mais uma vez antecipando meus argumentos defensivos, não, por favor, mil vezes não! Não me venham com sermões da montanha e nem trechos decorados de livros de Augusto Cury ou Paulo Coelho. Quero que todos os predispostos à tese da auto-ajuda e felizes desejosos do paraíso celestial tenham um castigo final: ler de uma só vez Crime e Castigo de Dostoiévski. Pena branda, agravando-se com a reincidência.
Mas, Edna, como ia falando, esquece!
SAvok OnAitsirk, 05.01.12.