O QUE A SOLIDÃO TROUXE DE BOM PARA MIM!

Quem encontra prazer na solidão, ou é fera selvagem ou é Deus.

(Aristóteles)

Na casa de minha mãe, família de origem italiana, por sinal, muito afetiva e numerosa. Solidão era apenas um termo do dicionário que definitivamente, não fazia parte de nosso vocabulário. Depois que me formei, mudei para Capital, aí as coisas ficaram diferentes.

Acostumado com a casa cheia amarguei a triste realidade de não ter com quem conversar e principalmente com quem confidenciar meus problemas, ou confiar. Eram pessoas basicamente iguais a da minha terra. Entretanto, os costumes, o sotaque, o jeito de se vestir, as preferências de música e comida eram bem diversas, com as quais, estava acostumado.

Na grande cidade, eu era assediado por uma legião de religiosos, todos querendo me converter. Tudo isso, fez-me apegar mais a minha crença de berço, foi uma forma de voltar às origens. Passei a freqüentar a igreja aos domingos, ao menos ali, me sentia de novo em casa. As pessoas se benziam, ajoelhavam e rezavam do mesmo jeito que aprendi e pratiquei na minha infância.

No entanto, tudo isso acontecia uma vez por semana, num espaço de tempo de no máximo duas horas. No restante do dia e da semana era só trabalho e solidão. As amizades não se consolidavam, talvez porque os novos amigos eram recentes. Obviamente, não os conheciam com profundidade. Para tanto, seria preciso tempo e convivência.

Várias tentativas de me aproximar das pessoas foram infrutíferas. Não consegui estabelecer um vínculo de amizade sólido. infelizmente, nos cinco anos que vivi na grande metrópole não fiz nenhuma amizade duradoura. Contudo, tudo isso se modificou de uma hora para outra...

Pois, foi nessa localidade, há mais de 30 anos é que conheci minha esposa, casamos e voltamos para o interior. Talvez, a carência afetiva fosse a mola percussora, ou O DESTINO. Tudo aconteceu rapidamente, um ano entre namoro e noivado. Por outro lado, parece que a solidão me preparou para receber a mãe dos meus filhos: uma Mulher companheira para momentos alegres e tristes de uma vida construída por nós dois: "sofrida, mas vencedora"!

João da Cruz
Enviado por João da Cruz em 06/01/2012
Reeditado em 06/01/2012
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