BALANÇO DAS FESTAS

Prof. Antônio de Oliveira

antonioliveira2011@live.com

Passadas as festividades de fim de ano, eu também ainda me pergunto, como Cyro dos Anjos que indaga da comemoração do Natal: “Que elemento se introduzirá na essência das coisas para que tudo venha, assim, apresentar uma face nova e desconhecida, e para que todos os seres ganhem uma expressão especial, quase graciosa, de agitada felicidade?” Em gran finale, bem à brasileira, sem neve nem trenó, Cyro dos Anjos arremata: “As árvores se fazem mais verdes, e os pardais, como cantam!” Nem mesmo as chuvas que costumam cair torrencialmente, nessa época, ofuscam o esplendoroso brilho das luzes de Natal. Aliás, culturalmente, o Natal apresenta mais charme que a própria Páscoa, eixo do ano litúrgico, portanto de significado central.

Por sua vez, o consumismo toma conta do ambiente. Atraídos pela propaganda, apresentamos um cartão mágico, digitamos uma senha, e pronto! Processando... Retira-se o cartão. A comemoração está sacramentada... e a dívida, contraída. Na verdade, o Natal, em 25 de dezembro, coincide com o fim do ano. E aí encontro uma explicação para essa efervescência, mesmo no lodo e na lama das enchentes. Passagem de ano une fim e começo, o feito, o desfeito e o por fazer, liquidação, novos empreendimentos, novos propósitos. Novo amanhecer, novo dia, ano novo, “vida nova, esperanças simples e simples esperanças”. Além disso, embora o Natal seja festejado praticamente no mundo todo, no Brasil não temos estações do ano diferenciadas. Nossas estações correspondem a calor, estiagem, chuvas, frio sem neve. A primavera, por exemplo, não tem para nós o mesmo glamour de outros países. É mais um mote poético, inclusive associado aos aniversários: completar tantas primaveras.

Quanto às enchentes, e no tocante a obras de infraestrutura prioritárias, preventivas e seguras, há um mal de raiz: o descaso de nossos poderes públicos desconstituídos para o povo. Sobra verbo e, apesar de tanto imposto, falta verba...

fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 07/01/2012
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