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Será que a Reforma,

finalmente, sairá do papel?
 

               Este ano – 2012, não é apenas o prazo para o fim dos tempos, segundo alguns, é, também, o prazo final para o cumprimento da reforma ortográfica. Enqunto lia sobre isso, fiquei pensando em toda polêmica causada por um texto, fora do contexto, que serviu de pretexto (com ou sem hífem? Continuo com algumas dúvidas) para acirrados debates em defesa da língua portuguesa. Alguns se auto-intitularam os últimos defensores da Flor do Lácio. Li a manchete e fiquei preocupada. Não seria a primeira vez, pensei aborrecida.
            
               Na época, completamente por fora do debate, confesso que não estava acompanhando a polêmmica, imaginei tratar-se de algum livro com erros gramatais, aliás, fato mais comum do imaginamos. Não conto as vezes em que tive que escrever para editoras reclamando a grafia errada de palavras. Só para ilustrar, em um livro de Estudos Sociais do RN, a cidade de Ielmo Marinho foi transformada, sem necessidade de votação, em Telmo Marinho. Absurdo? Claro, mas real. Estava lá, a escrita errada, sem nenhuma nota alertando o leitor desavisado.

            
               Quando fui procurar a razão de tanto barulho descobri tratar-se de um texto que chama atenção para as diferentes formas de comunicação existentes em nosso país. Em texto pertinente e muito esclarecedor, vamos nos inteirando dos regionalismos, das “falas erradas” de nosso povo.

            
               Lembrei do tempo em que trabalhava nas séries iniciais e de nossa preocupação em introduzir o novo vocabulário sem, contudo, marginalizar o conhecimento trazido de casa ou da rua. A orientação que recebíamos de nossa supervisora e as lições aprendidas com o mestre Paulo Freire nos faziam sensíveis a estas diferenças. 

            
               Sou árdua defensora de nossa língua, afinal ela é parte imprescindível na formação de nossa identidade, acredito, entretanto, que não podemos fechar os olhos ao que está posto. Respeitar o modo de falar, levar o debate para escola, colocar isso em livros oficiais, até onde alcança o meu entendimento, não fragiliza nossa língua, ao contrário, aponta na direção de sua grandeza. 

            
               Não sou uma estudiosa da área, nunca fiz pesquisas sobre o tema, meus argumentos são fruto das lições aprendidas no exercício do magistério, na observação diária, nas muitas leituras que faço. Gosto do texto bem escrito. Do argumento elaborado em bom português, mas reconheço como legítima a fala daqueles que ainda não tiveram acesso ao conhecimento das regras e normas de nossa língua.


            Acho legítima a preocupação com a regra culta, mas preocupa-me que os defensores desta, incomodados com o livro autorizado pelo MEC não façam o mesmo barulho diante dos modismos inseridos nos diálogos de nossos jovens - dialetos nascidos e propagados nas redes sociais -  espalahados, inclusive, nos textos escolares e visto com naturalidade por muitos. Será que o internetês não representa um risco a nossa língua?

            As agressões a nossa língua não param por aí, infelizmente. Há mais, muito mais, assim como havia interesses outros nos debates daquele momento. O nosso quarto poder tem usado, sabiamente, o seu poder em defesa de seus interesses, e nós, os mortais comuns, precisamos aprender a ler/ouvir o que eles falam/escrevem.  

               Falando nisso vocês tem escutado, na grande mídia, alguma coisa sobre a “privataria tucana”? Não é estranho que um assunto tão sério esteja passando “despercebido” junto àqueles que se auto-proclamam defensores da ética? Mas, esta já é outra história.  

               Salvemos não apenas a nossa língua, mas a nossa pátria...

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Ângela M Rodrigues O P Gurgel
Enviado por Ângela M Rodrigues O P Gurgel em 07/01/2012
Reeditado em 08/01/2012
Código do texto: T3428129
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