BIG BROTHER BRASIL (BBB) – Uma crítica à crítica da crítica

O BBB, programa exibido pela Rede Globo sempre no início do ano, já virou febre faz tempo – para ser mais preciso, desde a sua primeira edição (da qual eu assisti metade). Criticar o BBB também já virou moda – para ser mais preciso, desde a metade da primeira edição (a qual eu critiquei).

A nova moda agora é (namorar sem roupa? Não) criticar quem critica o BBB. Sendo bastante prolixo, o que pra mim é dom e não vício, é uma crítica da crítica do BBB.

Estamos vendo surgir agora uma corrente de BBB maníacos, metidos a intelectualóides, idêntica e apenas vetorialmente oposta à corrente dos anti-BBB maníacos (também metidos a intelectualóides), que criticam o fato de os outros criticarem o BBB.

O argumento principal é óbvio, e rebate muito bem a quem critica o BBB sem saber o que está falando: BBB não é e nem precisa ser “cultura”; BBB não serve para deixar ninguém mais ou menos inteligente; BBB é apenas entretenimento. Tem razão. O grande problema, ao meu ver, é que a crítica ao BBB que o ataca apenas por não disseminar “cultura” é a mais fraca de todas. Com isso, essa crítica da crítica também se torna fraca, e não rebate com suficiência tudo o que o BBB tem de ruim.

Por isso é que faço, aqui, uma crítica à crítica da crítica.

Obviamente, BBB não serve para disseminar cultura. Serve para entreter. Criticar o programa porque “com ele não se aprende nada” é tão ineficaz quanto administrar antibiótico em virose. Muito provavelmente esses críticos fazem diversas atividades no seu dia-a-dia com as quais não aprendem nada, e nem por isso são mais ou menos burros.

A grande questão é tangente a essa: para quê procurar esse tipo de entretenimento? Esse tipo de programa, que une e confina pessoas de “tribos” diferentes apenas para ver “o pau comer” (em todos os sentidos), não tem o mínimo de graça para quem procura entretenimento com um mínimo de qualidade (não digo de “aprendizado” ou "cultura", digo de QUALIDADE). O mesmo critério que utilizamos no dia-a-dia para enquadrar, por exemplo, um filme como bom ou ruim, pode ser aplicado ao BBB. E disso pouca gente fala.

O BBB não só é um programa inculto – e aí não vejo muito problema – como é, também (e principalmente), um péssimo tipo de entretenimento – e aí vejo bastante problema. Expor pessoas ao extremo ridículo apenas por dinheiro; tratá-las (como faz o apresentador do programa) sob o predicado de “heróis”, como se o que estivessem fazendo fosse lá grande coisa (oh, Deus, ficar um mês longe da família, que dó); fazer festas regadas a álcool (e música ruim) que incentivam a putaria na sua forma mais primitiva; dentre tantas outras coisas medíocres e igualmente inacreditáveis, fazem do BBB, para mim, um dos 3 piores programas que já ouvi falar na história da televisão aberta brasileira (o pior deles está por vir: um tal de “Mulheres Ricas”, se não me engano a ser exibido na Band – quem assistir esse programa terá uma morte lenta e dolorosa).

Por essas e por outras, dificilmente alguém com um mínimo aceitável de critério (não de inteligência, friso) assiste – e gosta – de BBB. E não se iludam com a quantidade crescente e assombrosa de votos nos “paredões” (uau, que palavra forte e melodramática, dá até um calafrio só de ouvir, né, gente?!) do BBB: garanto que 90% dos votos são repetidos de BBB maníacos que não têm o que fazer (ou fingem que têm) e votam 893 vezes por dia. A audiência do programa é boa, é verdade, mas não para tanto. Aliás: se você é um dos que efetivamente VOTAM para alguém sair do BBB, eu não gostaria que tivesse lido esse texto, já que vai fazê-lo com desprezo e sem o mínimo de vontade reflexiva – você é BBB maníaco e possui uma paixão tão irracional quanto a religião ou o futebol (se você é religioso ou torcedor fanático, também não gostaria que tivesse lido esse texto).

À guisa de conclusão, quero dizer que não sou intelectual. Meu primeiro e último livro foi “O Pequeno Príncipe”, que li quando tinha 19 anos e não entendi nem metade. OK, isso não é bem verdade, mas reflete o que quero dizer: não se trata de “ser ou não intelectual”, de ser mais ou menos inteligente, trata-se, sim, de saber escolher o tipo de entretenimento que presta e o que não presta – e, para isso, há certamente um mínimo de critério. Agora, se você vier contra-argumentar com coisas do tipo “mas gosto não se escolhe, a gente acha bom e pronto”, aí eu vou ter que sumariamente desconsiderar tudo o que disse acima e constatar: você é de fato imbecil.