O Mundo em Liquidação

Tenho falado essa frase repetidamente, antes eu dizia que eram as mulheres, que estavam em liquidação, tendo em vista a cidade que vivo que chove um tanto delas para cada homem, mas o que falo é das relações.

E fica uma briga, de quem pega mais, quem beija mais, no resumo, quem engana melhor.

A arte da interpretação tem chegado ao nível tão alto que qualquer personagem cafajeste teria vergonha da sua atuação, e nesse momento não consigo lembrar nenhum pra fazer jus.

Uma moçada novinha,linda,com a vida apontando,submete-se a passar pelo rigoroso teste drive do “fica”, e passando, tem a promoção de conseguir virar namoro, é de rir, no geral esse comportamento é masculino, embora muitas delas não querem mais nada com nada, acostumaram-se.

E nessa competição, que é dura, entra em jogo: Quem é malhada, se permite tudo (que é um risco), quais amigos já pegaram, ou amigas, se, se, se, se... Eu quero?.

Acho que é quase a mesma coisa,quando compramos um eletro domestico,vemos garantias, modelos, durabilidade, preço, acessórios, e por fim...Eu vou quero?.

É tão maluco, e tantos joguetes, que se tem medo até telefonar pro outro, porque quanto mais difícil melhor, e você não pode sentir falta, é perigoso. Trato aqui, dos sentimentos normais, não de obsessão, pra isso existe terapia, religiões, várias coisas.

Há também nesse meio, os reservas de ambas as partes, e percebi que muito mais elas assim o fazem ,alimentam sentimentos naqueles que ousam “sentir”, ou seja, o famoso, babaca. Os motivos dessa manutenção são banais, pode ser por uma carona, bebida, ego, sei lá, vai entender, são vários. Quando eles assim o fazem, é mais por uma leve dependência moral,física,ou por ser o macho,e quero ter,ou as vezes até gosta,mas não quer compromisso,porque se ousar os amigos caem matando.

Ridículo mesmo é ver os quarentões se passando de boyzinhos, e fazendo a mesma coisa, digo que é a síndrome de Michael Jackson, o Peter Pan eternamente.É,o famoso, acabou exagerando na dose, e o fim todos já sabem.

Venho de um tempo que namorar fazia sentido, que correr todos os riscos pra poder ficar com alguém, valia à pena, que era muito bom, dá mil voltas na cidade, só pra ver se encontrava “aquela pessoa”, e melhor, nem sempre se podia chegar perto.

O coração esse trabalhava feliz, o pulsar de ver à hora chegando e você saber que ia ver seu amor, era muito bom, e na maioria das vezes, levavam-se horas, se embelezando pra se dar de presente a alguém.

E junto com isso, vinham cheiros, gostos, músicas, tudo tinha valor, até mesmo a embalagem de um bombom que você ganhou,era importante.

Lembro que ainda tenho guardado dentro de um livro, uma pétala de uma rosa, que me foi dado,esse amor passou,transformou-se, já é de outra maneira, mas aquilo vivido minha mente jamais esquecerá.

Não acredito que as lacunas da alma, serão preenchidas, pelos novos “doces” e “balas”, que se consomem aos tubos, nem pelas competições de quem tem mais, ou pega mais, porque os dramas continuam, e ninguém no fundo, quer dormir só pro resto da vida, ter uma perninha encostada na sua durante a noite é muito gostoso, e isso, de verdade, só se consegue gastando tempo, em se dar, e olhe que nem assim, às vezes se consegue essa alegria, porque o outro já entrou no vicio do descartável, e não aguenta receber.

Tenho medo realmente qual o mundo será o dos meus netos, sinto pena daqueles que nunca saberão a felicidade da conquista pela esperança que o amor dá, do olhar que nunca cansa de ver, de na multidão conseguir identificar o cabelo, as costas, ou seja, lá o pedaço do corpo de quem você se apaixonou.

É,talvez eu esteja exagerando,existe ainda quem acredita no amor, e não falo de sexo, embora esteja deliciosamente incluído no todo, há ainda os que se casam, sem se preocupar tanto no contrato pré-nupcial, e crêem no sonho de passear velhinhos de mãos dadas.

Não digo aqui, que tudo são flores, apenas acredito que a banda como vem tocando, o futuro será de solidão total, e esta a pior de todas, que é aquela que se está a devidamente acompanhada.

É meu companheiro de desabafo, me perdoe se de alguma forma fui indelicada, é que ando meio, triste, por ainda não ter conseguido crescer o suficiente pra acompanhar o bloco de “Ai se eu te pego” by Michel Teló,o filósofo,ainda prefiro,chorar, ao som de Lionel Riche,e longe de mim,faltar com respeito na forma de viver de qualquer um.

Sou a favor da liberdade de escolhas, não da libertinagem, e acho maravilhoso o poder feminino aflorado, muito bom poder se jogar na noite, brincar, curtir, mas não vejo atrelado a isso a banalidade dos sentimentos.

Sinto-me melhor sabendo que amei, arrisquei, me entreguei, do que ter passado pela vida, sendo apenas, mais uma “ficante“ na história de alguém, ou pior na minha.

Se o relacionamento foi curto, não importa, a intenção da minha alma, era que seria eterno, eu sempre prefiro me arriscar,e amar.

Neudja Cordeiro