“Vaca Brava”.

De todos os habitantes do patrimônio “Cruz das Almas”, o único respeitado por todos, o padre, o cabo Oreste, e o coronel Eduardo, era Sebastião Tenório Barros, “O Vaca Brava”, ei falei? Lógico que não, quem teria coragem de falar na frente do Sebastião Tenório que seu apelido era Vaca Brava, ninguém. Embora filho de família pobre Vaca, digo Tenório logo se sobressaiu. Quando começou na escola da professora Dulce, uma sala de aula que antes era sala do telégrafo da estação, até ser desativada. Tinha poucos alunos, a maioria tralhava na roça, ou não gostava de estudar. Coisa curiosa e digna de destaque que não havia cadernos e D. Dirce pegava papéis, geralmente de pão cortava e colocava barbantes, como se fosse espiral. As linhas dos cadernos eram feitas na régua e lápis. Esta bondosa alma acho que nunca teve um salário digno, não seu final, mas acho que foi pro céu em vida. Nesta época professor era mestre de cultura geral. Na nossa sala eram divididos os quatro anos de alfabetização divididos em quatro livros. Bem nessa escola e3studou o menino Tenório. Pelo seu tamanho gigante sempre pegou o lanche de alguém que se sentia feliz de ainda não ter apanhado, o menino já era mau. Com o passar dos tempos Tenório ficou cada vez mais bravo e forte. Começou a ganhar suas brigas por W.O. Em seus negócios a pessoa que mesmo sem lucro algum saísse com saúde dava-se por feliz. Nem o cabo Oreste, tirava farinha com ele. Coincidentemente, o cabo só aparecia depois que ele fosse embora. E assim era a vida, quando aparecia àquele cara de mau todos davam um jeito de recolher mais cedo. Nada no mundo é para sempre, eis que chega ao patrimônio vindo da Bahia, uma família de colonos. Um ancião Sr. Cícero, Sua filha Gerusa, e um pequeno rapaz Juninho. Eram além de colonos, artesãos trabalhavam muito bem a palha, a corda, e a madeira em geral. De imediato focaram conhecidos, pois seus produtos eram muito bons, que deixaram de trabalhar na lavoura para toca o pequeno comercio. Tudo legalizado colocaram pequena barraca na praça principal onde havia mostruário do produto. Tenório (Vaca Brava) até queria comprar algo para si, mas sua fama o precedia, então só admirava. Neste olha pra lá, olha pra cá, observou a menina, baiana brejeira e prendada, bonita de corpo e de rosto. Parece que ela também não desgostou dele, e até umas olhadas, de sabe como é? Vem que eu topo. A vida corria normalmente. Mas na beira do rio Jerusa lavava roupas. Coincidentemente Tenório lavava seu cavalo, ou parava para descansar. Ou queria dar um cata na morena jambo. Mas nada passou despercebido, no domingo de manhã, na praça a barraquinha de artesanato está aberta lotada de gente, lotada quero dizer tinha uns três curiosos que olhavam os artesanatos de couro, palha e outros. Estão o pai, filho e filha, n canto da praça aparece Tenório. Jerusa está inquieta, ele desce do cavalo e tira o chapéu. Cumprimenta, coisa que dificilmente fazia, e quer conversar com Sr. Cícero. Juninho que a tudo assistia viu como Jerusa se comportava, nervoso deu-lhe um tapa no braço e mandou que ela fosse para os fundos da barraca. Quem cuida mais que a mãe é o namorado e a coisa esquentou. Porque você bateu na moça? Embora fosse muito educados Juninho respondeu,. Não é da sua conta. O clima que era ruim piorou quando ela pediu para Tenório ir embora. Agora ficaram nervosos o pai e o filho. Que está acontecendo aqui? Tenório vacilou coisa que nunca fizera. Tomou uma voadora. O gigante caiu e veio atrás rabo de arraia, macaco e sei mais lá o que. Tomou uma surra feroz. Quando ficou de pé falou nunca passei por isto, apanhar é ruim demais. Virou as costas e foi embora. O patrimônio veio abaixo. Ninguém acreditava, o gigante Vaca Brava, apanhou daquele tampinha? Mas em dois cavalos com mala e tudo Jerusa agradecia, Você me deu o maior presente do mundo respeitou minha família, que não soube respeitá-lo. Eu queria falar, fazer o que é certo, mas não deixaram. Não ligue meu amor eles são bons e gostam muito de mim. Não demorou quinze dias e Tenório voltou. Era dia e parou na frente da casa do Sr. Cícero, desceu e já foi falando minha mulher é sua filha, e o rapaz é meu cunhado, dei um presente á ela, não reagi, só que não consigo dormir de noite então estou aqui. Ou fazemos o casamento, ou resolvemos este perrengue agora. Juninho ia falar e o Sr. Cícero falou - Calado, o moço é honrado. Pode entrar e tome café conosco. Algumas horas depois saía uma carroça com pai e filho em direção a um sítio que ninguém conhecia. Tenório ao longo do tempo havia economizado e tinha um cantinho para morar. Houve o casamento e além de família se tornaram ótimos amigos. Do próprio sítio de Vaca Brava digo de Tenório, começou uma cooperativa que se tornou com o tempo na maior da região em produtos manufaturados. O Sr. Cícero, Jerusa, Jr. e Tenório não eram administradores, mas seus descendentes foram treinados e estudaram, se formando e administrando a empresa que dominou a região, Ouvi esta história de alguém que viveu na época e viu surgir a mega cooperativa, chegou a ver vez ou outra o casal de velhinhos D. Jerusa e Sr Tenório (Vaca Brava).
“Às vezes a fama nos precede, não necessariamente a violência, são só histórias que o povo conta.”
“Oripê Machado”.
Oripê Machado
Enviado por Oripê Machado em 12/01/2012
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