A grande corrida
O ronco dos motores, barulhos de peças ao chão, vozes confusas, cheiro de borracha queimada e de gasolina. A todas essas coisas Carlos estava acostumado, pois era nada mais nada menos que o melhor piloto de corridas do mundo.
E agora a última e decisiva corrida do ano estava por começar. Carlos precisava ganhar para ser o campeão. Foi dada a largada. Ele saltou logo na ponta, livrando-se do bolo de carros. Já na primeira curva uns três carros bateram e ficaram fora da prova.
No decorrer da corrida Carlos trocou de pneus por duas vezes e não perdeu a ponta. Era mesmo o melhor. Agora faltavam apenas alguns metros para terminar. Seu principal adversário estava grudado, sem nenhuma diferença, roda-a-roda. Faltam agora apenas 50 metros e Carlos está correndo. Tem de ganhar de qualquer maneira. Faltam 30, 20, 10, 5, 4, 3, 2,1 metro. É agora... É agora... Carlos vai ganhar... Vai ganhar... E ganhou!
Ganhou um balde de água fria que sua mãe lhe jogara, pois já estava na hora de trabalhar. Não havia tempo para sonhar. Sua corrida agora é para ganhar o pão de cada dia. Corrida esta em que competimos todos nós. Unha-a-unha, dente-a-dente e sem chances para reabastecimento.
Cícero Carlos Lopes – 06-04-94