Bons Tempos.

Corriam os loucos anos noventa do século XXI... Mais precisamente sua segunda metade, a Era Ronaldo Fenômeno, Capital Inicial reiniciando seus trabalhos (1999), Renato Russo desfalcando a história do rock nacional (1996), o Mundo dominado por Bill Clinton e seus escândalos sexuais, Milosevic devastando os Bálcãs, resquícios da Guerra do Golfo, filmes idiotas e catastróficos implodindo as telas dos cinemas, Buena Vista Social Clube dizendo ao mundo pelas mãos de Wim Wenders: “... olá, tudo bien e hasta La vista!” A Prefeitura de São Paulo comandada por Luiza Erundina..., o Governo Mário Covas e a Presidência do gênio Fernando Henrique Cardoso...

A civilização vivia ao redor de alguns loucos explosivos dominando pontos estratégicos do globo, mas nem de longe imaginando na vida real o que viria a acontecer no dia 11 de setembro do século vindouro.

Na verdade se tratavam tempos que geravam ansiedade especial, principalmente pela chegada da virada do milênio e por tudo o que historiadores até então, profetas, astrólogos, antropólogos, astrônomos, literatos, líderes e religiosos haviam pregado... Eram tempos em que mesmo o mais rústico dos anciãos tremia nas bases ao ouvir dizer do “mil passarás e dois mil não passarás...”. Tanto que passou e cá estamos, mesmo que desgastados por tantas barbaridades e injustiças, vivos!

Diante isso fico a monologar se realmente os soldados americanos urinaram sobre os cadáveres daqueles pobres iraquianos, desrespeitando não apenas a honra de suas famílias, seu povo, sua nação, mas toda a história das guerras, que, mesmo sendo guerras, possuem seus códigos de honra, e jamais, em circunstância alguma, um homem deve fazer o que dizem que fizeram. Foram inconseqüentes, idiotas e infantis ao extremo, supondo que uma imoralidade daquelas ficaria naquilo mesmo. Isso certamente acarretará a acentuação das rixas entre aqueles povos e o americanismo, podendo destruir a vida de muitos inocentes que apenas assistiram tudo pela televisão na hora do jantar, mesmo sem prestar muita atenção no assunto, já que a “janta” de alguma forma era mais importante.

Nesse burburinho, alheio a tudo, ia eu em meus vinte e poucos anos, sozinho como sempre, atravessando a Rua Boa Vista, portando minha velha pasta 007, abarrotada de livros, feliz, porém sem sabê-lo, olhando o céu azul, num dia quente de horário de verão, pós-expediente, rumo ao Botequim Chico Elefante...

SAvok OnAitsirk, 15.01.12.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 15/01/2012
Reeditado em 15/01/2012
Código do texto: T3442266
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