Fim de Férias
            As férias estão terminando. Mais um pouco veremos o formigueiro estudantil invadindo todas as ruas e praças com aquela típica vitalidade.
            Se perguntarmos qual é a coisa que mais falta ao Brasil, receberemos as respostas mais variadas. Mas pensando em profundidade, somos induzidos a concluir que o que mais nos falta é a Educação.
            Temos território, clima, flora e fauna privilegiados. Orla marítima? Que país tem algo assim?
            Nem me venham dizer que nos falta dinheiro. Há de sobra. Tanto, que o governo esbanja perdulariamente. Tanto, que os que estão no poder ganham em proporção milionária e ainda querem mais. Dinheiro, nas três esferas de governo,  nas mãos dos que só gastam e gargalham.
            Temos tudo em exuberância. Mas não temos educação. Somos um país mal educado.
            Não que eu seja implicante, mas é inútil tentar esconder a realidade, desviando as atenções para os números de escolas construídas, de informatização implantada, de matrículas efetuadas, de diplomas espalhados. Que valor tem esses diplomas?
            E ai do governo, se não contasse com a suplência do ensino particular! Mas este, por sua vez, está relegado à condição de empresa.
            As escolas, na quase totalidade, cuidam somente da parte cultural (não que eu seja implicante), e cuidam mal. No que se refere à formação humana, que é a educação propriamente dita, a coisa é simplesmente desastrosa.
            A falta de Educação Humana é a nossa ferida maior. E como essa Educação é o alicerce de uma sociedade harmoniosa, somos um povo que sofre e corre desvairadamente atrás de fogos fátuos. Fanatizado pelo futebol, esbaldando-se num carnaval orgiástico, cedendo fácil aos convites da bebida e da droga, esgueirando-se pelas veredas tortuosas da corrupção e embrenhando-se nos atalhos da violência.
            Vem-me a lembrança que em passado recente a característica do estudante era o livro. Lia-se sozinho ou em grupos. Discutia-se. Pedia-se ajuda a algum professor que passasse com sintomas claros de inquietação intelectual e interesse cultural. Uma vitalidade que não era só aparência.
            A bagagem hoje é bem outra. Não os livros. Nas mochilas camisinhas...
            Dirão os implicantes, que é saudosismo do cronista. Coisa muito boa é poder olhar para trás e perceber que o passado merece saudade. O triste é olhar para trás com o coração frio, sem sentimentos, sem ver quase nada que possa ser lembrado com amor. E é isto, a meu ver, a herança que ficará para a geração de nossos dias. À qual está sendo oferecido um presente sem significado. Na qual se atrofiou a força de sonhar com o futuro.
            Em horários diferentes, a garotada cruzará a praça e os verei da janela do escritório, voltando depois para casa. Em muitos casos, voltará mais vazia do que foi.