Levante Popular

Hoje eu presenciei um interessante e peculiar acontecimento em meu horário de almoço.

Eu estava fazendo uma compra em um pequeno mercado próximo ao hotel em que estou hospedado no centro de Curitiba. Por volta das 14h quando acabei de escolher os produtos e me dirigi ao caixa para pagá-los quando percebi que a fila estava relativamente grande, no entanto, por não ter outro horário resolvi permanecer e esperar. Além do mais, pensei comigo mesmo como uma forma de me consolar, “Já fique em filas maiores”. O caso é que a fila realmente demorava para se movimentar, e a medida que fiquei um pouco mais próximo dos caixas verifiquei que só havia duas meninas trabalhando. “Um absurdo...que falta de respeito com os clientes” pensei comigo mesmo. Mas um senhor que estava a minha frente externalizou com palavras esse pensamento. Um pouco depois, já impaciente e inquieto esse mesmo senhor passou a sugerir que deixássemos nossos carrinhos ou sacolas e saíssemos do supermercado em protesto contra o mau atendimento. Indo um pouco mais além nas palavras e nervosismo, uma senhora atrás de mim disse que estava atrasada e que não podia ficar esperando tanto, e que o gerente do estabelecimento deveria tomar alguma providência para resolver aquela situação. “___Onde já se viu somente dois caixas para atender tanta gente?”. Um pouco mais a minha frente um outro senhor já disse que nós da condição de cidadãos deveríamos prender o gerente do supermercado pela situação que estávamos passando. Pouco depois o senhor a minha frente pediu para que eu cuidasse de sua sacola porque ele iria conversar com os responsáveis do lugar. Quando ele voltou falou novamente do ato de protesto em voz alta e as pessoas da fila para idosos escutaram e também balbuciaram palavras de descontentamento e alguns até demonstraram concordância fazendo sinal com a cabeça.

Entretanto, mesmo entendendo o ponto de vista daquele senhor, e sabendo que ele estava certo não tive coragem de dizer uma só palavra.

Como se já não bastasse, a senhora atrás de mim passou a ressaltar com a voz mais alta para que colocassem mais funcionários nos caixas. E também passou a pedir para que as meninas do caixa andarem mais rápido com o trabalho.

Nesse ponto cheguei a pensar, “ o senhor e a senhora estão exagerando; se eles não tivessem satisfeitos que deixem suas sacolas e procurassem outro supermercado”.

Entretanto, a atitude daquelas pessoas fizeram com que um pouco depois o gestor do supermercado colocasse mais pessoas para ajudar no caixa, e então não demorou muito mais para eu ser atendido.

Acho que se fossemos mais conscientes da força popular e exigíssemos mais haveria uma diminuição das injustiças e abusos por parte dos donos de estabelecimentos privados, órgãos públicos, governantes e outras situações em que poderíamos nos manifestar quando estivéssemos sendo destratados ou prejudicados.

Por fim, acho que depois de ter sido espectador de um momento tão inusitado e peculiar acho que cheguei um pouco mais próximo de entender o poder do levante popular e toda a sua força que pode reivindicar simples mudanças em nossas comunidades e bairros, até conduzir protestos, revoltas e deposição de governos.

Fabrício S Lima
Enviado por Fabrício S Lima em 25/01/2012
Reeditado em 26/01/2012
Código do texto: T3460069
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