Liberdade

Se tudo o que nós conhecemos como mundo deixasse de existir, morreria tranqüilo e com uma sensação de dever cumprido, ou quase cumprido. Não vivi tudo que quis, e também não fiz tudo que quis fazer, mas quem viveu e quem fez?

Mas o tanto que usufruí dessa, ou nessa vida, a soma de todas as benesses que tive, que para o meu ponto de vista, mesmo não tendo sido inúmeras, mas foram de um valor qualitativo absurdo, isso sim, e levando em consideração o meu ponto de vista, realmente saciaria até mesmo o mais insaciável dos insaciáveis, mas, como eu não sou assim tão difícil de agradar! Sinto-me completo e feliz.

Acho que nós temos a liberdade de escolha entre a felicidade e a infelicidade, é só escolher o numero um ou o numero dois da lista de opção pseudocelestial. Ser feliz é estar feliz, com o que se conquistou, mas nunca estar 100 % satisfeito, a ambição é salutar. Devemos aceitar certas verdades, mas nunca acreditar que elas são imutáveis. O mundo gira, e você ainda vai se pegar jurando de pé junto, que aquilo tido até então como uma verdade imutável, não passa de uma mentira deslavada.

Entre as liberdades que temos na vida, uma que é unânime, até mesmo entre os do contra, é a de pensar, não é mesmo? Será que alguém pode controlar o nosso pensamento? Será que o seu chefe fica prestando atenção na sua orelha para ser se escorre algum palavrão que você sorrateiramente memorizou, e guardou para usá-lo num momento mais oportuno, como quando você ganhar na loteria?

Será essa liberdade de pensar liberdade, ou uma pseudoliberdade? (Já deu para notar que eu gosto dessa palavra pseudo “né”?) E ai, os cinco segundos já passaram, é pseudo ou não?

Se encararmos todo e qualquer tipo de liberdade, como coisas livres de influências, daí, e partindo desse princípio, dificilmente poderíamos encontrar alguma coisa ou alguém livre. Poderíamos então perfeitamente incluir no rol das coisas não livres o sim e não tão solitário ato de pensar.

Apesar de não ser uma verdade, o pensamento é simples. Pensamos naquilo que somos induzidos a pensar, dizer isso é tão somente levar em consideração todos os fatores que influenciam os nossos pensamentos, dizer isso é afirmar nossa natural dependência.

Um bom exemplo para explicar essa afirmação poderia ser extraído da própria concepção de história, dizer que seu objetivo é o estudo do homem no tempo e no espaço em que ele está inserido, e não levar em conta outros fatores como: a influência que o tempo e o espaço exerce também sobre o observador, é ter no mínimo uma análise incompleta. E se analisarmos todas essas vertentes, mais deixarmos de fora as pré-disposições desses indivíduos (o pesquisador e a pesquisa), pré-disposições que poderiam ser ativadas independentemente do modo de pensar ou de agir de sua época, continuaríamos então incompletos e sem a tal da liberdade.

A questão a ser discutida, não é se existe ou não uma dependência absoluta dos pensamentos, que sá dos sonhos, em relação aos fatores externos, esse ponto, mesmo não sendo consensual, torna-se neste momento, pelos poderes a mim investidos um consenso, pois os pensamentos, ou os sonhos, nos momentos de sua execução, ou de sua eterna especulação, sempre estarão sob influências, como o já citado anteriormente tem e espaço. Por tanto, todos nós, indivíduos pensantes, ou indivíduos que se acham pensantes, não somos livres no pensar.

Outra conclusão que podemos chegar é que o pensar não é um ato solitário, ele estará sempre acompanhado desses tais fatores, fatores que entram no nosso pensar, e conseqüentemente influenciam o nosso agir, ou a nossa falta de ação. E essa tal ação é infinitamente mais dependente que o ato abstrato de pensar, enquanto o pensar pode ser um só, o agir não, pois em cada situação, e a cada momento, temos que agir de uma forma diferente, pensamos o “A” e somos obrigados pelas forças sociais a fazermos o “B”. somos um no trabalho, um na escola, um em casa, um no carnaval, um no Maracanã, somos indivíduos repletos de “UNS”, somos dezenas de caras, corpos e almas diferentes num só elemento. Nós não somos nós mesmos, somos somente o querem que sejamos.

Sérgio Souza
Enviado por Sérgio Souza em 14/01/2007
Código do texto: T346544
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