Pena de morte: Justiça?

Há dias que um determinado assunto chama minha atenção, reiteradamente. A humanidade toda fala e se preocupa com a justiça. Que ela se faça, a qualquer custo, seja em que circunstância for.

Diz-se que a justiça é cega. Cegos somos nós, que pensamos ter a capacidade, a sabedoria de fazê-la cumprir. A justiça humana é tão falha, quanto somos nós, humanidade.

Não vejo a coerência no conceito de justiça da maioria das pessoas. São cometidos crimes pavorosos, pessoas são submetidas a torturas terríveis, às vezes durante semanas, antes de serem friamente assassinadas. Quando não são abandonadas para morrerem após sofrimentos inomináveis. Não somente as torturas físicas, mas também as emocionais, psicológicas.

O criminoso é preso, há toda uma tramitação necessária para que a prisão seja considerada dentro da lei, Comissões de Direitos Humanos fiscalizam o tratamento dado aos criminosos, para que todos os seus direitos sejam respeitados.

Após ser lavrada a sentença de morte, o condenado passa a ter direito a um tratamento bastante privilegiado. Psicólogos, religiosos, alimentação, tudo para que ele tenha conforto, em seus últimos momentos de vida física. Tudo é providenciado e fiscalizado, para que não haja sofrimento, na aplicação da pena de morte. Qualquer desvio no protocolo pode gerar processos aos responsáveis pela mesma.

Onde está a justiça para com as vítimas do condenado? Essa justiça está a favor dos criminosos.

Justo seria, fazê-los cumprir pena, trabalhando para seu sustento, ao invés de viver às custas dos familiares das vítimas. Toda a sociedade que paga impostos, está pagando as altas contas da ociosidade de pessoas que devem ser tratadas como devedoras morais. Como pessoas talvez passíveis de recuperação, mas que recebem um tratamento que muitos operários honestos não encontram em seus empregos.

Têm direito à banho de sol, bibliotecas, onde estudam e muitas vezes, se formam em profissões que usam para cometerem mais crimes.

Aplicada a pena de morte, as testemunhas vibram de satisfação, numa manifestação sádica da Lei de Talião. Olho por olho, dente por dente. A vítima continua morta, segundo seus conceitos, assim como consideram agora morto, o algoz.

Matou-se um corpo e jogou-se mais um espírito às trevas, sem considerar que ele poderia vir a se regenerar sinceramente e, através de suas experiências criminosas, prestar auxílio aos que combatem a criminalidade, na sua prevenção. Há exemplos por aí. Não muitos, pois ainda é mais fácil “cortar o mal pela raiz”. É isso que acreditam os que defendem a pena de morte. E assim, estejam talvez, criando mais um trabalhador das trevas, para as equipes que se julgam os vingadores das injustiças cometidas do lado de cá.

14/01/2007