Paisagem Urbana

O preço da comida fora de casa subiu em torno de 10,49% nos restaurantes, bares e lanchonetes das grandes cidades de São Paulo, segundo levantamento realizado por órgãos oficiais e divulgado pela imprensa.

Isso significa que os freqüentadores, geralmente profissionais liberais e executivos que comem fora por razões práticas do trabalho - economia de tempo, transporte e combustível – terão que se ajustar aos novos preços, alterando sua dieta e seus gastos.

Os executivos têm condições de pagar mais pelas refeições, mas os profissionais liberais, empregados de lojas comerciais e prestadores de serviços terão que apertar o cinto e usar sua criatividade.

Falando-se em comer com criatividade, não é mau negócio o uso de marmitas e lanches preparados em casa e o aquecimento da comida no próprio local de trabalho, garantindo-se, assim, a boa qualidade das refeições e a economia do bolso.

É duro almoçar em certos bares e lanchonetes, que vendem salgados e massas com pouco recheio e muita caloria e sucos falsificados com uso de corantes e outros ingredientes pouco recomendáveis à saúde.

Alguns vendedores ambulantes oferecem “quentinhas” nas ruas e praças de maior concentração de pessoas, preparados em condições higiênicas duvidosas e passíveis de provocar intoxicação alimentar. Não há fiscalização, como, por exemplo, ocorre nas praias, porque uma coisa é comer para trabalhar, outra coisa é comer durante o lazer.

Essa rotina do trabalho e da alimentação e a paisagem do cotidiano nos grandes centros urbanos são ricas em diversidade do comportamento humano. Quase tudo não apresenta nenhuma novidade, mas alguns fatos são singulares, como, por exemplo, a arte de sobrevivência dos moradores de rua, ávidos pela menor oportunidade de alimentação e abrigo.

Hoje, as aves (pombos e pássaros) e alguns animais (cães e gatos) disputam o espaço com as pessoas, principalmente nas praças, à espera de algumas migalhas de alimentos. Até nas rodoviárias e shoppings essa convivência entre diferentes espécies animais ficou comum.

Desde os tempos antigos, as ruas e aglomerações populares sempre foram o local de esperança de sobrevivência de muita gente; no período medieval, serviram de inspiração para muitos artistas e intelectuais inspirados na miséria e nas necessidades.

Nos tempos atuais, esse quadro continua, de forma mais ampla, porque o ser humano não gosta da solidão. Rico ou miserável, ele quer sentir a vida pulsando em si e nos outros, alguns comendo picanha, outros migalhas.

E assim caminha a humanidade, nesse estranho mosaico de oportunidades, nessa infindável desigualdade social...

Feichas Martins
Enviado por Feichas Martins em 01/02/2012
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