O PAPAGAIO
Pai de um grande amigo, Ângelo Guerbas é apaixonado pelo seu papagaio.
Há muitos e muitos anos, o seu animal de estimação foi trazido para o meu apartamento.
Conto a razão: iam dedetizar a casa dos Guerbas... por motivo de segurança/precaução, o seu Ângelo quis deixar a sua ave bem longe do local.
Conforme o programado, o ilustre hóspede chegou no meio da tarde.
Pendurei a gaiola numa das paredes da área de serviço...
Sem perceber o quanto ele estava assustado, comecei a tagarelar: (louro, louro, da o pé, louro, dona maria, bo m dia, bom dia, dona maria). A ave não emitiu um único som
Começou a escurecer... fui jantar...
Entre uma garfada e outra, gritava da cozinha: louro, louro, da o pé, louro, dona maria, bom dia, bom dia, dona maria... e ele nada!!!
Lá pelas dez da noite, perdi a paciência: pra casa do seu Ângelo, você não volta mais... vai passar o resto da sua vida aqui comigo!!!
Por ele ter as penas das asas cortadas, deixei a janela aberta e fui dormir.
Acordei, escovei os dentes... fui dar bom dia para o mudinho.
Minhas amigas, meus amigos, o papagaio não estava na gaiola.
Olho para o lado, quase tenho um treco: no parapeito da janela, o baby verde do seu Ângelo
Desesperado, começo a sussurrar: louro, por favor, volta... por favor, volta.
Como isso não adiantou, mostrei a gaiola... pus comida na minha mão... e ele nem aí pra mim!!!
Sem saber mais o que fazer, corro para o quarto dos meus pais, conto o que está acontecendo, peço socorro.
Enquanto viver, jamais esquecerei o que o saudoso Inácio fez.
Ele pegou uma vassoura, levou o cabo em direção ao papagaio e, com a maior doçura, perguntou: Louro, o que é que você está fazendo aí?
O papagaio, que até então não tinha dito nada, desandou a falar: Para mim, sem o Ângelo, a vida não faz sentido. Assim que eu tomar coragem, pulo
Deixa de besteira... sobe aí e eu te levo agora mesmo pro seu amigo.
Desta maneira, o meu pai salvou o animal e a mim também!!!