Em Minas quando o menino engasga com espinha de peixe, junto com o tapa de mãe em cheio nas costas segue-se a reza tradicional: “São Brás, São Brás, não engasga rapaz!”
          São Brás! O que há de verdade nesse santo bispo da Armênia que foi degolado no longínquo ano 316?
            Reza a tradição que o santo é especialista nesses casos. Um tipo de padroeiro dos laringologistas e dos imprudentes que ainda comem peixe de qualquer jeito.
            A Igreja católica, que é cheia de religiosidade popular, acabou engolindo mais esta. O povo carente de recursos médicos (ao preço que anda a medicina) inventa seus santos e seus milagres, no catolicismo, no evangelismo de origem protestante, no espiritismo. E o bom Deus que tudo vê sabe que o povo pode estar confuso, mas não de todo errado.
            Se não fosse a fé, engasgaria bem mais com o que se é forçado a engolir de injustiças e desaforos. Que São Brás com suas velas (as duas velas cruzadas querem lembrar as duas naturezas de Jesus: a humana e a divina) tire da garganta do povo alguns espinhos que lhe andam atravessados há séculos...
           Quando ouço Ana Carolina em “minha garganta arranha” inevitavelmente, também, associo o assunto de engasgos dos seguidores das piranhices de Monica Lewinsky, em gabinetes ovais, mas isso já é outro departamento (Deus me perdoe a blasfêmia!)... Foi mal! Desculpas aí!