O Trabalhador

Era cinco da manhã,ele despertava antes mesmo do relógio,pois já era acostumado levantar junto com os galos.Despertou,levantou e rezou.

Como de cotidiano,pediu a benção a Deus para que o filho levantasse e o dia de trabalho fosse na paz do Senhor.

Tomou banho frio,se arrumou e foi à luta.No meio do caminho o desanimo,se lembra que é segunda feira,está de ressaca e ainda tem de pegar o trem.

Lotado,de pé,dormindo,saia de Tancredo até Cascadura,com seu radinho no ouvido,tentava não ouvir o barulho um tanto irritante dos crentes.Más ele ia!

Sabia que precisava daquilo,às vezes pensava em desistir e sair,fugir do mundo,porém na mesmo hora lembrava que tinha seu dependente e voltava a realidade.

Vida de trabalhador,chega ao serviço,passa o cartão,se faz presente.

Pensará até em faltar neste dia porém lembrará também que sem ele,nem às máquinas funcionam,tudo desanda.Era um homem cheio de compromissos!

Seu filho não lhe dera trabalho, era bem na escola,na vida e em casa.Separado,mas nunca sozinho,trabalhava e trabalhava,suava!

Quando chegava à tarde sua dor na mão aumentava,tendinite,cabeça quente dia estressante,ele falava.

Dia estressante,olhares invejosos,ele era feliz.

À noite,trem lotado,gente diferente e igual,agora era de Jacarepaguá à Santa Cruz,ele labutava.

Quando chegara em casa,tinha lá seu filho na internet,à casa limpa,entrava dava um beijo de saudade no seu filho,e ia direto lavar as mãos,era à hora de cozinhar,macarrão com carne moída o predileto do seu filho.

Enquanto cozinhava tinha saudades de seu grande amor,amor que ele deixou que o orgulho vencesse.Ela pensava.Ele repensava.

E o macarrão e a carne moída estavam à ficar pronto,ele falava ao telefone,o patrão já pedirá para fazer serão no próximo sábado,na mente reclamava,na voz ele aceitava.Não conseguia ficar um só dia sem trabalhar,tornou-se um vício,um vício sem doutor.

Porém algo naquele dia lhe acontecerá diferente.Na sua ida para o trabalho viu um mendigo na estação,ele dormir com medo de ser pego pelo guarda ferroviário.O trabalhador observava na parada que o trem fazia,e assim ele pensava:

-Esse individuo com certeza,não teve sorte na vida,não estudou,talvez não teve um pai presente,era infeliz.Meu filho tem condições hoje,eu estou com ele,dou força para ele.E como será quando eu morrer?

O pensamento super protetor do trabalhador,transitava na mente.

Quando despertou do pequeno flash back,viu que o macarrão com carne moída quase queima na panela.Sai desesperado e abraça seu filho,na janta conversa com ele sobre a vida,sobre o mendigo etc.

Mostra para ele o que é à vida,como ele procede.Escovavam os dentes,vêem TV,e depois vão dormir.

Com a cabeça no travesseiro o trabalhador pensava no dia estranho,confuso e diferente dos outros.Porém aprendia naquele dia uma lição,o mendigo lhe ensinou que se prepara um filho para á vida e nunca para si.E que à vida pode ser curta,então aproveitar seria bem correto.

No dia seguinte às cinco da manhã,o mesmo processo,trem lotado.Quando olha novamente para o lugar onde o mendigo estava ele o vê mais uma vez na mesma situação,ele dera sorte o guarda não lhe levou.Olhando com mais precisão ele observa a vida do homem,e logo sente vontade de sorrir.

Sorrir? Ele pensa.

A vida desse homem não é para gozar.

O que tinha de tão preciso naquele mendigo?O que será que tanto ele lhe chamará atenção?O próprio não sabia,que estranho era o sentimento,parece que era familiar aquela vida do mendigo.Ele não sabia responder as indagações.

No trabalho percebeu que o mendigo,era o próprio,era o espelho,era à sua própria imagem.

Arthur Montenegro
Enviado por Arthur Montenegro em 06/02/2012
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