O PRÊMIO

O PRÊMIO

A população da pequena cidade de Rosalvo estava eufórica. O sorteio da mega-sena,na noite anterior, havia feito de um habitante o mais novo milionário.Todos estavam curiosos para saber.A imprensa estava a procura do ganhador, entrevistando o dono da lotérica, seu Hermínio, mas sem qualquer pista. Ainda era cedo.

Fred, na sua casa, trancado em seu quarto estava assustado. Com o pequeno papel em suas mãos não acreditava. Ali estavam os seis números mágicos. A ficha ainda não havia caído. Começaram os problemas ou a solução deles?

Enquanto isso na cidade o burburinho era intenso. Quem seria o felizardo?

- A esta altura já deve ter sumido! – diziam uns.

- Foi receber o prêmio em outra cidade e já está com os burros na sombra! – diziam outros.

Nove horas da manhã e Fred ainda não havia aparecido para trabalhar.Seu Chico nem se dava conta, pois ele de vez em quando costumava perder a hora. Já estava acostumado.Nem reclamava, pois Fred era um bom mecânico e não podia dar-se ao luxo de perder seu empregado, já que arrumar outro era difícil.

Qual a quantia? Vinte milhões de reais! Sua cabeça estava a mil por hora. Manter a calma e a euforia seria muito difícil. O que fazer? Aparecer para receber o prêmio , no momento nem pensava nisso. Não queria se expor. Por hora.

- Deixa eu raciocinar. – pensou consigo mesmo.

Começou a pensar nos planos agendados para o futuro. Lembrou da conversa que teve com a Rosinha, sua namorada, quando ela lhe perguntou:

-Fred, você vai casar comigo, não vai? Faz tempo que a gente namora.-perguntou.

-Claro que vou. Só estou esperando as coisas melhorarem um pouco e daí nós marcamos a data. – respondeu.

Pensou nos seus pais. Queria construir uma nova casa. Com mais conforto, pois já estavam idosos e também precisava retribuir tudo o que fizeram por ele e ainda fazem.

Padre Horácio. Sabia que jogava sempre na mega-sena e sempre brincava:

-Quando você ganhar, lembra-se de mim. Uma doação para a reforma da Igreja, que está precisando.

Tinha os amigos ainda. Se puder ajudo todo mundo, pensou.

Resolveu deixar os pensamentos de lado e ir para a oficina. Precisa aparentar tranqüilidade, como se nada houvesse acontecido.

Ao chegar à oficina, Chico brincou:

-Pensei que tivesse ganhado na loteria e não viesse mais trabalhar!

-Claro que não mas já estou sabendo da novidade. Mais um milionário.- respondeu, tentando manter a serenidade.

Os colegas também brincaram e ele sorriu.

No fim da tarde, voltando para casa se enfiou no quarto, respirou fundo e procurou se acalmar. Não estava sendo fácil.

De repente, bateram forte na porta. Era sua mãe:

-Menino, acorda. Já passa das nove e você não vai trabalhar hoje?

Assustou-se. Acordou. Era um sonho. Mas o volante do jogo estava ali, na sua mão. Voltou para a dura realidade e teve até preguiça de levantar. Mas era preciso.Foi trabalhar.

Mas não perdeu as esperanças. Hoje era dia de novo sorteio e como sempre faz acompanha pela televisão, via parabólica toda a movimentação.

Encostou-se no sofá e colocou no canal que ia haver o sorteio. Aproveitaria para assistir o jogo de futebol que ia ser transmitido nessa noite.

Estava tranqüilo mas não deixava de pensar no sonho que tinha tido.

O sorteio estava para começar. Estava atento mas calmo.

Começou o sorteio. A primeira bola caiu e os números começavam a ser colocados no vídeo. Primeira bola, segunda, terceira...

Olhou para o volante. Começou a sentir um frio na espinha, subindo pelo corpo, a ficar gelado, não acreditando no que estava acontecendo. Olhou novamente. Confirmou.

Meu Deus! Não acredito no que estou vendo! – pensou.

Vai começar tudo de novo!

lmorete
Enviado por lmorete em 06/02/2012
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