QUEM NÃO SE COMUNICA, SE TRUMBICA

Considerando os novos caminhos da publicidade e da comunicação, no planeta terra, claro (sem trocadilhos)

Estamos vivendo a era da velocidade. Incrível, temos tudo à mão e não temos tempo pra nada.

Temos que conviver com espaço do jogo das palavras no seio da liberdade, apesar das frases de efeito e do delírio contagiante.

Estamos reverenciando com um custo altíssimo, a plena consciência da comunicação ou da telecomunicação em tempo real, uma consciência tangível, útil e sem regência inter-espacial ou mística, embora muitos procurem retóricas para colocar embalagens cintilantes em suposições, sonhos e simulações.

Mesmo assim e apesar disso estamos conseguindo substituir o revolver pendurado na cintura do século passado, e a milenar arca de Noé, no sentido elitista, (força bruta e limitações respectivamente) pelo celular, um invento moderno que dispara palavras como se fosse uma metralhadora e ao alcance de todos.

Ao menor sinal, a qualquer tom, saltamos para atendê-lo imediatamente interrompendo tudo que possa ser considerado de mais sagrado. Ele é o portador das nossas emoções e de todos os nossos interesses, enfim de tudo aquilo que podemos oferecer ao outro, como amor, ódio, cantadas, ironias, propostas indecorosas e de posse dele, não temos desculpas para deixar pra depois. Tem que ser agora, já.————–Pensou muito, dançou. É o gatilho da vida que não pode mascar.

Conheço gente que com a TV ligada, ouve um barulho de telefone tocando e leva algum tempo para perceber que foi o som do aparelho ligado na novela ou até mesmo no apto do vizinho e o mais engraçado por exemplo, num saguão de aeroporto, um celular toca, ato continuo, todos ali presente levam a mão na cintura.

O celular hoje, é o reflexo imediato da falta de educação do ser humano ou no mínimo de quanto ele é capaz de não se importar consigo mesmo, ou com o próximo. Ele interrompe sem a menor cerimônia uma reunião importante de negócios ou mesmo de família. Ele interrompe desde um beijo materno, até o afago da mulher amada. Ele retira bruscamente o filho do colo e sai em disparada buscando cessar o grito estridente e fragmentador de emoções. Pode ser na igreja em uma cerimônia de casamento, pode ser numa reunião de negócios ou pode até mesmo num bate papo informal. Ele é no duplo sentido, um “torpedo” de emoções.

A grande questão que pretendemos abordar é que esse aparelho é hoje o mais importante produto de uso individual. É o portador na noticia em tempo real, mais que real. De celular em punho, as palavras do outro lado soam como uma fantástica máquina que altera a pressão sangüínea, aumentando a adrenalina, sugerindo decisões imediatas e atitudes precipitadas e nos torna infratores irresponsáveis e compulsivos das regras de transito, com o ônus da multa e pontos na carteira, ao mesmo tempo em que comunicamos a morte em segundos e ouvimos o pranto via satélite.

E a pressão vai aumentar porque os projetos audaciosos das empresas de comunicação querem jogar a TV e a Internet, de uma só vez, dentro desse mini aparelho comunicador e ele daqui a pouco estará gritando e vibrando na sua cintura, para que você leia uma msg. publicitária de uma nova cueca ou um novo sabonete ou então um apelo irresponsável de uma ONG, sustentada escandalosamente pelo Estado. E tudo isso dentro de uma cardápio que será sugerido a você como opção. Não se espantem, se daqui a alguns anos ele estiver com um sensor que vai medir a sua pressão e disparar um alarme, sugerindo mais calma ou a corrida para o seu cardiologista. Já inventaram uma calça jeans com teclado e mouse acoplados junto à braguilha e não nos espantemos se daqui a pouco surgir o teclado de um celular num dos bolsos laterais.

Tudo que se discute sobre esse assunto, está invadindo os bastidores dos grandes anunciantes e das principais agências de marketing no Brasil e é mais um round na luta em busca da atenção do pobre e inocente consumidor.

O investidor receberá noticias da bolsa de valores e o mais simples e pobre usuário descendo um morro de favela poderá receber uma nova letra de rap ou samba de sua preferência ou o anuncio da chegada da erva maldita num simples bip.

Algumas pessoas em centros mais avançados, se dizem dispostas a se submeterem a essa espécie de avalanche de inovações na publicidade de massa e conhecer novas formas de comunicação e esse pode ser um pensamento inovador, que atingirá o consumidor de forma organizada. Em alguns países essa idéia já vem sendo colocada em prática e com sucesso. A vantagem é que cada usuário pode escolher o que quer receber no seu aparelho pessoal, assim como acontece no ambiente da Web.

Somos portanto, 100 milhões de correntistas, ou mais, portando igual numero de celulares espalhados pelos grandes centros e alguns outros dados relevantes nos levam a crer que falta muito pouco para a publicidade explodir via celular, visto que os modelos atuais estão se esgotando e se confrontando com a mobilidade do pequenino aparelho de bolso. Temos portanto a poluição visual dos outdoors, contra a interatividade que o celular oferece e a segmentação das mensagens que passariam a ter alvos específicos, mesmo imaginando que os panfletos de sinais de transito são insubstituíveis, porque são também até certo ponto muito bem segmentados e dirigidos em sua grande maioria àqueles que comem pasteis e biscoitos de polvilho em sinais de transito e pasmem compram água engarrafada de torneira e bebem como mineral.

Com o tempo percebemos então que esse pequeno aparelho, além de matar o telefone fixo com ou sem fio, substituiu a clássica e ensebada agenda de telefones, o relógio, o despertador, a lanterninha de bolso, o Bina, a secretária eletrônica enorme que você tinha que comprar além do aparelho de viva voz. Quer mais? Você pode ainda filmar e fotografar e de flagrante em flagrante você vai rolando a sua vida e aguardando no bojo de ansiedades o que mais de novo virá e surpreenderá. Além disso, você pode usar a calculadora, ouvir musica e se divertir com alguns jogos. E se você for surdo, poderá ser alertado pelo vibrador e ler mensagens de texto.

E em sendo assim, os “nossos irmãos menos evoluídos”, talvez encontrem o caminho da alegria, com menos “ansiedade e depressão”, mesmo não tendo tempo para erguer os olhos aos céus. Ateus já dizem que não precisam mais de Deus, porque carregam o celular – rssssss.

Mas, não se apresse em comprar um celular novo, porque se você for compulsivo vai ter que comprar um a cada três meses, pois a esperteza dos fabricantes é notória. As novidades ficam na fila e vão sendo liberadas de acordo com as conveniências dos espertos “stevejobianos” da vida..

E a grande novidade, pode ser aquela esperada por todos: Uma ligação direta com o poder cósmico, mas não aceite de forma alguma gravações ou sinal de ocupado. Afinal você apenas está sonhando em falar por telefone com alguns entes queridos que já se foram, sem usar intermediários que ficam psicografando em linguagem duvidosa. É claro que eu não estou falando aqui de falar com os presos na nova penitenciária regional de Ponte Nova, estou falando de uma espetacular novidade: A TELEFONIA CÓSMICA. E cuidado com a conta, pois pode sair muito mais caro do que falar com as putas da Rússia.

Quem não se lembra desse terrivel golpe das empresas de telefonia quando FHC vendeu as nossas terríveis Estatais. Ah… que saudades pelo menos dos preços. Ah que saudades da Conab que poderia pelo menos controlar alguns abusos, como estacionamentos e locais públicos, pedágios e taxas de serviços bancários, por exemplo.

Luiz Bento (Mostradanus)
Enviado por Luiz Bento (Mostradanus) em 07/02/2012
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