cadê o príncipe?

CADÊ O PRÍNCIPE?

Delvira era uma menina tímida, mas queria namorar, vivia com a cabeça nas nuvens pensando no seu príncipe encantado. Queria sentir o gosto do primeiro amor, o primeiro e tão sonhado beijo. A mocinha se olhava no espelho, muito satisfeita, apesar das horas quentes do dia em que ela carregava o pote na cabeça, esquecia até do itinerário cujo lema era dito pela boca de sua mãe: cuidado fia, esses moço de hoje num quere nada com ninguém! nun fique oiando quando eles fizé pisiu! A garota não mais aguentava todo dia esse mesmo dilema, escutava sempre a mesma historia, mas agora em frente ao velho espelho ela sonhava alto, admitia seus sonhos e ficava mais convencida quando lembrava do moço que tinha chegado da capital. Aquele sim era diferente, seu jeito educado tinha conquistado a pobre menina daquele fim de mundo quando se gabava o atirado rapaz da capital. Para o garanhão a donzela não passava de mais uma aventura. Parecia que a genitora tinha lido os seus pensamentos.E foi interrompendo os pensamentos da menina que a mãe de Delvira gritou lá de dentro: tu nun vai não menina? te arruma que tua tia vem te buscar!

Era tempo de festa naquela cidadezinha, tudo estava muito arrumado por causa do aniversário do prefeito, não restava dúvida que Delvira estava toda faceira pra encontrar aquele moço que tinha chegado da cidade grande e já tinha lançado um flerte para Delvira que estava vendo tudo diferente. A menina não imaginava as intenções do rapaz que não estava pensando em ter qualquer tipo de relacionamento sério, seu interesse era em curtir, ficar, como diz o termo. Os foguetes deixavam a menina surda , já não aguentava tanto barulho e combinou com sua tia que iria conversar com um amigo, e assim aconteceu. Mas as horas passaram-se rapidamente, e nada de Delvira, todos procuravam pela menina que tinha sumido do mapa. Naturalmente a menina desculpou-se, pois estava com o moço novato da cidade.

Delvira estava completamente apaixonada e o rapaz prometeu a sua mãe que retornaria para finalmente marcarem o noivado. A menina esperava ansiosa por esse dia. A igreja estava toda arrumada para grande momento, todos estavam na expectativa, Delvira esperava que ele chegasse no ônibus das onze, mas nada, seu amor tão sincero e deslumbrante dava-lhe uma rasteira, e por minutos ela duvidou dos sentimentos, seu misterioso noivo. Não bastou tanto tempo para que todos percebessem nitidamente que não haveria mais casamento, o noivo nunca aparecera.

Delvira tinha sido vitima de um surto psicológico, afirmavam os médicos. Seria possível que um dia sua filha voltasse ao normal? A garota fora encontrada desmaiada e por momento ela desconheceu a mãe e toda sua parentela. Somente com o passar dos anos seria possível uma convalescência bem lenta.

ARTESGS
Enviado por ARTESGS em 20/02/2012
Reeditado em 23/02/2012
Código do texto: T3510199