´"É de pequenino..."

Desculpas as há, basta fazer um pouco de esforço. Ou nenhum. Cada vez existe menos educação – aquela que compreende, ama, estabelece limites e responsabilidades e faz crescer – em casa e cresce a responsabilidade de mais instrução na escola, não em busca de cidadania, caráter e equilíbrio, mas de qualificação técnica para “se dar bem na vida”. Isso de um lado, de outro, a escola é o depósito de filhos em horários convenientes aos pais. Além disso, ambas as correntes ainda esperam que a escola seja o agente educador pleno, pois os pais “não têm tempo”. Quase nenhum desses pais faz uma lista de suas ações e se propõe a eliminar as que lhes tiram o tempo que deveria ser dedicado à educação dos filhos; preferem responsabilizar a escola.

Não tiremos a missão educadora dos estabelecimentos de ensino, pois, a começar pelo conteúdo das matérias, passar pela responsabilidade nas tarefas, pelo desafio do aprendizado, pela convivência com iguais e diferentes, pela disciplina, até o exemplo dos professores, tudo é educação. Mas existem valores, exemplos, histórias e desafios que só a família e o ambiente familiar suprem. Nenhum aluno que não é minimamente disciplinado em casa, o será na escola; criança que não respeita os pais, jamais respeitará qualquer pessoa; mães consumistas não criam filhos centrados, e não é a escola que conseguirá fazê-lo.

Apareceu uma iniciativa de ensinar empreendedorismo já nos primeiros anos escolares, possivelmente com base no ditado: “É de pequenino que se torce o pepino”. Será que criança precisa aprender a investir ou seria melhor aprender o valor das coisas – inclusive todo ambiente que a cerca no Universo ? Será que é mais importante que, em tenra idade, aprenda a ter lucro ou a ser justa e integrada, através de jogos, convivência e o dia a dia que a família, a escola e a sociedade devem proporcionar? Será que é importante que saiba como funciona a bolsa de valores ou que seja feliz? Qual é mesmo o IAF (Índice Absoluto de Felicidade) da geração Y?

Criança é criança, e não é preciso ser cristão nem religioso para saber o acerto dessa colocação: “Deixem vir as criancinhas, pois é delas o reino dos céus”.