Não sacrifique seu “Isaac”

Quando em vez vejo o apelo eloquente de alguns lideres de igreja pedindo aos fieis que “sacrifiquem seu Isaac”, em alusão a doação de uma boa quantia de dinheiro, ou um bem valioso do seu patrimônio pessoal em favor da sua toda poderosa instituição. Baseiam o apelo no livro do Genesis, em particular, na passagem em que Abraão tenta sacrificar seu filho Isaac em oferta ao Deus Todo Poderoso. Convido a uma reflexão rápida sobre o assunto:

Deus não permitiu que Abraão sacrificasse seu filho. Deus disse ao pai da fé que não fizesse isso. Hoje os papas da fé constrangem seus rebanhos a fazerem o que Deus proibiu Abrão de fazer. Quando Javé impede que o patriarca dos judeus faça isso, entendo que Ele está dizendo que não quer esse tipo de fé. Uma fé estúpida, que sacrifica vidas humanas, que mata, que destrói e faz sofrer, não pode ser fé em um Deus bom. Quem fazia semelhantes sacrifícios eram as religiões pagãs daquela época. Deus não quer esse sacrifício. Quem sacrifica seu Isaac não está agradando a Deus, mas está agradando muito a outros intere$$ados. Para mim, a metáfora do sacrifício de Isaac nos ensina a não obedecermos a esses apelos bestiais, sanguinários, destruidores, mesmo que a voz melodiosa e carismática do líder religioso dê toda a impressão de que seja a voz de Deus.

Sacrificar Isaac não é uma demonstração de fé, é uma demonstração de ingenuidade insana, uma obediência cega, irracional. Uma fé cega não é a fé que Deus nos propõe. Não entendo que Jesus requeira isso de nós. Em Hebreus a bíblia define fé como a firme convicção de algo que não se vê, mas não por cegueira. Não se vê porque não é pra vê. Deus não se vê. Ninguém jamais viu a Deus, mas não porque sejamos todos cegos. Deus não é para ver é para crer, mas Deus é racional. Em Deus vejo bondade, alegria e paz. Entretanto nesses “sacrifícios isaaquianos” que se pede por aí, não dá para ver bondade, nem alegria e nem paz.

Abraão é o pai da fé que não sacrifica o seu Isaac. Ele é o pai da fé que me ensina a pensar a minha própria fé. Ele me faz acreditar num Deus que antes se sacrifica a Si mesmo e rejeita nossos sacrifícios improdutivos e alienados. O patriarca me ensina a seguir o Deus que preserva a vida do meu filho, da minha família e me livra de golpear minha consciência com cutelo maldito em nome de uma religião desprovida de amor.