ECOS DO CARNAVAL
(foto – mestre-sala e porta-bandeira da Unidos da Tijuca)
 
Primeiro foi a greve dos policiais e bombeiros que sacudiu  a Bahia e o Rio de Janeiro, com manobras escusas, de cunho político indisfarçável , como comprovam as escutas telefônicas autorizadas pela Justiça, positivando a tendência baderneira , com a ordem de fechamento de estradas e atos de declarado cunho subversivo, em que se falava até em impedir o Carnaval no Rio, S.Paulo e Salvador.
Tal procedimento desvirtuou o  justo pleito daquelas categorias profissionais, que seria o de conseguir melhoria, mais do que merecida, do seu nível salarial.
Numa classe que, diariamente, está exposta a riscos mortais, é risível , se não fosse dramático, o miserável salário que lhes é pago, quando se sabe que, vereadores, deputados e senadores, sem falar nos Poderes Executivo e Judiciário, são regiamente beneficiados com toda a sorte de "ajudas", que triplicam ou mais seus vencimentos e que um simples jogador de futebol receba, mensalmente, 1 milhão ou mais de reais!
Esse inconcebível desnivelamento, considerando-se, ainda, a razão custo-benefício, é insuportável e é perfeitamente natural que vá alcançar um ponto de saturação ou ruptura e desencadear ações de confronto, como as que vimos, perigosamente perto de um tragédia sem precedentes.
 
Superado o impasse na Bahia, a situação no Rio teve contornos bem menos severos e, afinal, aconteceu o Carnaval, para alegria de todos e o Rei Momo sentou em seu trono com as chaves das cidades no seu bem fornido colo.
 
Desfile das Escolas de Samba!  Um espetáculo único no mundo!  Um desfilar continuo de beleza, de cor, com o esplendor das  fantasias, do ritmo alucinante, da constante evocação da nossa história, da cultura e das crendices do nosso povo.  A alegria esfuziante estampada no rosto de todos os figurantes, da garra, da vontade de vencer, da honesta disputa, das mulheres lindas como sílfides retiradas do recôndito dos lagos , rios, cachoeiras e mares, do verdadeiro balé proporcionado pelas porta-bandeiras e mestres-sala. 
 
Apesar dos percalços naturais, de ordem técnica, tanto aqui como em S.Paulo, correu tudo muito bem e, tanto o povo nas arquibancadas, como os participantes e nós à frente da TV, gozamos noites esplendorosas!
 
A diferença flagrante aconteceu na apuração dos votos dos jurados (3 para cada quesito) o que, pelo menos teoricamente, garante uma margem muito próxima da exatidão plena.
Todos sabem que, normalmente, apenas uma Escola será vencedora e , portanto, não há o que reclamar, a não ser que seguidas notas baixas inexplicáveis prejudicassem uma determinada Escola.  Os Presidentes das Escolas de S.Paulo reclamaram dos Suplentes, mas estes existem exatamente para isso. É norma regulamentar, do conhecimento de todos.
Investiga-se, agora, a hipótese de que os atos de indescritível vandalismo que vimos tenham sido premeditados, quando alguns favoritos perceberam que a derrota era inevitável.
Louve-se o notável trabalho da polícia, mobilizada com extraordinária precisão, o que, afinal, evitou o confronto entre duas torcidas visceralmente contrárias: a Mancha Verde e a Gaviões da Fiel, que, se ocorresse, teria consequências inimagináveis.
 
No Rio, o Carnaval correu num clima da maior tranquilidade e, até as autoridades, confessaram que jamais imaginariam que isso ocorresse!
Milhões de pessoas em todas as ruas de todas as zonas brincaram sem restrições.  Os blocos tradicionais vieram com toda a força (só o Bola Preta arrastou 2,5 milhões de pessoas) e  o que foi  noticiado, não  passou do inevitável trabalho dos "mãos-leves" infiltrados nos blocos.
É necessário que se tenha em mente que os jurados são pessoas, com óticas e sentimentos diferentes e que, portanto, o seu julgamento sempre terá um forte peso de subjetividade. São, portanto, falíveis!
O Carnaval de rua está voltando com força impensada e todos aqueles blocos citados pelo "mon ami et poéte Gilbertô estão com as caldeiras à todo o vapor, com isso dando estímulo à criação de muitos mais, o que nos anima a fazer o prognóstico de que , em futuro próximo,
começarão a fazer sombra ao grande desfile no Sambódromo, com a inegável vantagem de
manter o povo dentro dos seus bairros, minimizando os graves problemas de transporte e os outros riscos inerentes a esse deslocamento.
 
E a apuração dos votos no Rio?
 
Alguns poderão argumentar que o sucesso, a tranquilidade, foram devidas ao alerta dado por S.Paulo.  Sinceramente, não creio.
As medidas de precaução tomadas pelo Governo do Estado, não poderiam  deixar de acontecer, sob pena de omissão criminosa; eram imperativas!
Mas, sinceramente, acredito que, mesmo sem elas, a apuração seria normal, com algumas discussões, alguns entreveros com os dirigentes, mas tudo como sempre foi.
O que vimos foi uma apuração sem problemas, com a galera se manifestando livremente e uma acirrada luta entre Unidos da Tijuca e Salgueiro, vencendo a primeira com,apenas, 2 décimos de diferença!  O trabalho dos bombeiros (sempre os bombeiros) foi o de dar saudáveis banhos na galera, para amenizar o calor de 39°.  Os adeptos da Mangueira, de torcida sempre acirrada, como vem acontecendo há alguns anos, após terem certeza da impossibilidade de vitória, retiraram-se, pacificamente, das arquibancadas.  Foi uma vitória difícil, mas merecida, do pessoal da Tijuca!
Ninguém pediu, mas deixo aqui minha sugestão para o próximo Carnaval:  a apuração dos votos, pelo menos em S.Paulo, deverá ser feita em recinto fechado, sem a presença do público, admitido, apenas, o comparecimento dos dirigentes das Escolas, separados do pessoal encarregado da leitura (que não tem nada a ver com a nota dada pelos jurados) por vidros à prova de balas!
A galera, como eu, vai ficar em casa, sentadinha, tomando sua cerveja preferida e brigando entre sí.
Salve a Escola Mocidade Alegre, em Sampa.
Salve a Unidos da Tijuca, no Rio de Janeiro.
Paz e amor!
       
 
 
paulo rego
Enviado por paulo rego em 23/02/2012
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