Controvérsias

Qual o preço da autenticidade afinal?

Grande parte dos seres humanos vive somente conforme a regras sociais, se deixando escravizar por dogmas e sempre vivendo numa imensa preocupação com a aparência social e a opinião pública.

Acham que vivendo conforme o que a maioria estipulou como regra, serão aceitos como membros da tão famosa sociedade e que se fizerem ao contrário, assumindo suas vontades e sendo autênticos serão excluídos.

As pessoas passam grande parte de sua vida esperando a aprovação alheia, algumas até se tornam dependentes disso, como um viciado a espera da droga que vai saciar seus desejos. Passam a vida encenando um personagem que se adapte as regras do mundo em que vive, protagoniza o espetáculo que julga ser o certo para arrancar os aplausos da plateia que a assiste, achando que sua credibilidade depende da aprovação dos olhares críticos.

Mesmo sabendo que para isso vai ter que renunciar coisas caras para si como seus sonhos e sua autenticidade, violentando sua essência humana. As mãos da sociedade manipulam os fantoches que servem para alimentar o modelo de padrão social que julgam ser o correto.

E quanto mais o tempo passa, mais insaciados temos no mundo, pessoas que vivem pelas frestas da vida com alma cheia de lacunas.

E aqueles que conseguem um lugar de destaque, uma posição mais acima na hierarquia dessa empresa chamada vida se ocupam por criar mais regras com medo que essa instituição que acha ser o único meio para o sucesso de uma vivência ideal vá à falência.

O mundo esconde sua verdadeira face, vivemos em um eterno carnaval povoado de mascarados que fingem saciedade por medo de virar uma exceção.

As pessoas dão a um ser invisível a poder de gerenciar sua vida, abdicando de escrever sua própria história e se contentando em ser um mero coadjuvante na fábula dos que detém o poder de se destacar como porta voz daquilo que acham ser o beneficio para o sucesso, induzindo os mais fracos ao medo do exilio social.

Viramos produtos de uma prateleira do mercado social e aqueles que têm a embalagem que melhor se adapta aos padrões impostos acabam sendo vendidos com maior facilidade, já os que conseguem ter seu diferencial na maioria das vezes acabam esquecidos em um empoeirado canto desse comercio tão poderoso.

Deixamo-nos rotular e pior ainda, nós próprios nos rotulamos.

A maioria acha que não tem o direito de escolher o tipo de produto que quer ser no mercado dos moralismos, pois teme ser desvalorizado pela cotação social se não condizer com os padrões estabelecidos para rotular a boa imagem.

Um saldo devedor nesse comercio e seu nome e imagem acabam na inadimplência das regras sociais.

Muitas pagam altos preços por nadar contra a correnteza da lama social e acumulam taxas de juros elevadas se não se disponibilizarem a manter em dia as promissórias do bom comportamento.

Ao invés de colher lucros por ser a exceção se torna o saldo negativo da exclusão e muitas vezes nem como brinde de consolação dos regrados produtos são aceitos.

Os tais regrados geralmente se dão bem sendo aceitos como membros ilustres dessas privatizações sócio humanistas.

As pessoas clamam por ai aos quatro ventos que preferem a verdade acima de tudo, mas no fundo não estão preparadas para ela. O desejo da verdade vai até o ponto que a embalagem dela corresponda as expectativas, pois do contrario, não será bem aceita. Até porque muitas vezes a verdade nua e crua não tem a aparência bonita.

Vivem fazendo propaganda enganosa da verdade absoluta, mas essa é a primeira grande mentira, pois todos só suportam a verdade que vai até o limite das fronteiras da conveniência. Quando a verdade começa a ameaçar alguma coisa as pessoas simplesmente pegam uma mentira e vestem com as roupas da verdade ou na maioria das vezes arrumam um esconderijo para a mesma. Porque todos pensam que o antônimo de verdade é mentira, quando que na verdade é ocultação.

A verdade do mundo é limitada, mas a conveniência não.

Deby Lua
Enviado por Deby Lua em 02/03/2012
Reeditado em 02/03/2012
Código do texto: T3530828
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