POR QUE RECLAMAR? “EM TUDO DAI GRAÇAS”

POR QUE RECLAMAR? “EM TUDO DAI GRAÇAS”

Quem nunca se queixou de alguma coisa na vida? Quem nunca murmurou? Se há alguém, por favor, atire a primeira pedra. Tenho visto e ouvido pessoas reclamarem da chuva, do sol, da geada, do vento e pasme, até da saúde. Se o tempo está seco, de repente vem uma bênção, ou seja, uma boa chuva, há aqueles que se queixam. Vi pessoas falarem mal do sol, mesmo depois de vários dias sem este aparecer. Isso e inerente do ser humano. Um eterno reclamante.

O Criador deve ficar muito triste e enojado com muitas das nossas atitudes. O queixume é uma herança maldita que vem de gerações anteriores. No tempo de Moisés, Deus permitiu a morte de centenas de pessoas no deserto, por esse motivo. Por que não agradecer a Deus por tudo, se nada nesta vida acontece por acaso? São Paulo disse isso, usando outras palavras: “... todas as coisas cooperam para o bem para aqueles que amam a Deus...” (Romanos 8: 28).

Aconteceu um fato comigo e que me marcou muito. Fiz três cirurgias em 2008, num prazo de 40 dias. Fiquei 40 dias internado no Hospital Cajuru. Literalmente uma quarentena. Não morri, porque não era hora, mas estava desenganado. Na verdade, houve um milagre. Fiquei com a barriga bem deformada. Até hoje uso a cinta (faixa abdominal) direto. Muitas vezes de eu reclamar e ficar muito triste com isso. Gostaria que fosse diferente. Normal. Em fevereiro de 2012 eu estava numa praia em Santa Catarina. Algo me chamou a atenção. Passeando pela areia, vi que estavam algumas roupas e chinelos, todos no mesmo local. Junto estava também uma prótese de uma perna. Percebi que se tratava ser de uma mulher. Naquela hora não tinha muito movimento. Fiquei a observar de longe, de quem seria. De repente avistei duas jovens brincando nas ondas. Duas meninas bonitas. Pareciam ser irmãs. Uma delas pela forma que pulava, pude identificar que era ela a dona daquela perna mecânica. Ambas saíram da água conversando e dando risadas, na maior felicidade. Uma batia na outra e corria. Nunca vi alguém com uma deficiência física grave, mas tão alegre e feliz como aquela moça. Ela tinha tudo pra ser triste e frustrada, mas aconteceu o contrário.

Aquela cena me cortou o coração. Fiquei com vergonha de mim mesmo. Fiz um exame de consciência. Na mesma hora disse comigo mesmo: “Deus, perdoe-me. Tenho e mais que agradecer, porque sou quase perfeito.” Como disse, nada acontece por acaso. Aquele episódio também não foi diferente. Quando vem aquela revolta e vontade de reclamar, logo penso naquela menina bonita, com um sorriso lindo e feliz, mesmo faltando uma perna inteira.

Nunca soube quem era. Seu nome, de onde teria vindo e o que faz na vida. Provavelmente ela nunca saberá o porquê de estar naquele dia e naquele momento ali. Eu sei porque ela se encontrava naquela praia e o motivo de eu estar lá. Esse foi um encontro marcado pelo Eterno. Um dia a eternidade revelará a essa menina o quanto ela foi importante para alguém naquela praia.

(Christiano Nunes)