Facebooking.

Não me deixem só, gritou agonizante o Orkut, antes que fosse realizada a última movimentação de seu último seguidor em sã consciência! Depois disso a loucura tomou conta mundo.

No facebook é quase a mesma coisa, uns querem estar ali, simplesmente para saberem o que os outros estão curtindo ou postando, desde fotos, comentários, situações hilárias, de cunho emotivo, social e político de geral.

Naturalmente, e isso em todas as situações, as pessoas querem se promover, mostrar coisas engrandecedoras de suas vidas, tais como fotografias de viagens ou ao lado de pessoas importantes, com amigos numa festa incrível, num rancho, praia, navio, avião e as mais variadas maneiras de se tirar uma foto, tudo em prol da autopromoção e do populismo. Todo mundo quer receber uma saraivada de flashes e sair na mídia, mesmo que por vezes em situações forçadas, como o cidadão que faz de tudo diante uma filmadora. O duro é quando querem promover além de suas perspectivas, mais do que realmente são, e se vestem em imaginação e seguem adiante, lebres travestidas de gatos.

Desde que o mundo é mundo os seres humanos mantiveram, mesmo que abafados, comportamentos no sentido da “auto-afirmação do eu no Mundo”, e para isso empregam diversos tipos de defesas e ataques. E isso é muito natural, como contava João Gilberto.

Acontece que com a chegada deste universo de redes sociais, onde todos estão de olho nos outros e ao mesmo tempo pensando em chamar a atenção ou mostrar coisas de si e de suas vidas, como que clamando para que olhem!, estamos vivos! Estamos aqui!, num desespero uivante, as comunicações, os intercâmbios e a facilidade de encontrar alguém conhecido ou desconhecido, evidentemente acentuaram suas proporções, quase que catastróficas, de modo que alguém de hoje em dia que não faça parte de redes sociais está praticamente fora do universo, fora do convívio social, incomunicável, e quem participa dificilmente fica sem ser encontrado. É a interligação entre os povos, a junção definitiva de todos os solitários que varam dias, noites e madrugadas teclando botões de uma máquina, mais vidrados que doentes com febre alta.

“Jamais estaremos sozinhos no universo virtual!”, vibram.

“Mesmo que andemos sozinhos pelo vale das sombras”, sempre haverá um celular onde poderemos nos conectar”, arrematam em uníssono os facebookmaníacos, clicando OK!

Jamais estaremos sozinhos! Não suportamos a solidão!

SAvok OnAitsirk, 14.03.12.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 14/03/2012
Reeditado em 14/03/2012
Código do texto: T3553112
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