NORDESTINIDADE

José Ribeiro de Oliveira

O Nordeste é terra de literatos, de caboclo sabido, de poetas, que despejam sua verve pela corrente da literatura, que se mistura com a essência de quem escreve. Acho que essa fertilidade advém do sofrimento do sertanejo, regado pela coragem, pela perseverança, pela força e pela esperança de que o verde dos olhos dela se espalhe pela plantação, fazendo brotar não só uma planta no chão, mas uma melhor safra de cidadão, que olhe para o Sertão, com olhos de quem quer ver, para assim poder notar, a grandeza dessa gente, que faz da dor um repente, para a mágoa superar, que sente no chão que pisa, a riqueza que existe, e o pendor na alma triste, insultando a criação, fazendo revolução, por pura benevolência, em ato de resistência, pra não se resignar. E mesmo levado ao longe, por força do tal destino, não separa o seu umbigo das pegadas de menino. E o Sertão sempre será, na mente do sertanejo a parada derradeira, na casa de cumeeira, num tamborete de couro, pra conversar no alpendre, olhando lá no terreiro, a criação remuendo, o sol na tarde escondendo, e a lua cheia apontando, a vaca no curral berrando, a mãe por filho gritando, lá no fundo do quintal. Um cachorro catingueiro, deitado ao pé do oitão, numa caçada de pulgas, enquanto espera a ração. Uma cela pendurada, na chegada da varanda, com arreios desgastados, da lida cotidiana. Um cavalo alazão, amarrado no morão, ainda se recompondo, da espora do vaqueiro, que fecha a porteira ainda, do curral da bezerrada, para poder descansar. À noite tem cantoria, Manezinho e Sabiá, violeiros de primeira, repentistas de lascar. Maria já preparando, um café bem reforçado com beiju e carne seca, feijão tropeiro e cuscuz, um petromax na sala, garantindo uma boa luz. Não precisa convidar, todo mundo se aconchega, trazendo uma coisa e outra, garantindo um tamborete, a noite será pequena, se emendando ao amanhecer, pra fazer tudo de novo, o nordestino é um povo, que não se cansa da lida, trabalha de sol a sol, pra garantir o paiol, levando assim sua vida.

Professor José Ribeiro de Oliveira
Enviado por Professor José Ribeiro de Oliveira em 15/03/2012
Reeditado em 10/11/2012
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