Quem se inscreve junto a um site de escritores amadores ou participa de alguma roda de leitura ou sarau literário, a exemplo desses que existem nas grandes e pequenas cidades,  faz isso porque sente ímpetos de dizer alguma coisa do que lhe vai na alma. Se obtêm sucesso ou não com seus textos não é importante, o que importa é que foi fruto de um momento especial.
         E só por isso merece respeito.
         Escrever é um dom de Deus. E quem foge dessa vocação prejudica a si mesmo. Quem faz mau uso também.
         A arte de escrever já é uma arte difícil. Exigir do confuso e despreparado que mal consegue ser bom que busque o ótimo é desencorajá-lo.
         Nem todos conseguem chegar ao topo do Everest. Mas se alguém conseguisse chegar à metade já teria feito uma grande coisa. Eles são milhares! O mundo está cheio de bons propósitos mal vividos.
         Eu, por mim, penso que estas polêmicas que se estabelecem na internet sobre escritores amadores bons e maus são inúteis. Cheira a maniqueísmo. Com tanta opressão, miséria, ignorância, injustiça, violência, terror e degradação moral no mundo, parece-me que quem escreve tem mais o que fazer do que angariar aplausos e formar panelinhas literárias para provar que o outro é mal formado, mal informado, mal intencionado.
Nem todos conseguimos ser ótimos, mas se mais pessoas conseguissem escrever aceitávelmente, o mundo seria melhor do que é.  
A vaidade às vezes se esconde sob a capa da humildade. Uma verdadeira multidão de pessoas tem o mau habito de fingir que não quer elogio nem reconhecimento e depois desandam a dar estocadas magoadas porque não foram reconhecidas.
Sei de um escritor que publicara uns noves livros, um deles com relativo sucesso. Vendera cerca de 30 mil exemplares em cinco anos.
Quando a editora publicou uma resenha dos seus principais autores e o consultou, ele respondeu indicando vários nomes e pedindo encarecidamente que não o mencionassem, porque ainda não se considerava um escritor.
A editora que tinha cerca de 40 autores conhecidos, realmente não o mencionou. Misericórdia! Foi o suficiente para que sua humildade entrasse em crise. Demitiu-se da editora por falta de estímulo...
Às vezes, quem finge humildade quer é elogio... A vaidade não poucas vezes se esconde atrás da autenticidade e humildade fingidas!