FUBÁ E BANANAS

Minha mãe é costureira desde que me entendo por gente. Minha tia Wanda também fazia algumas costuras para fora, mais para parentes. Ambas me davam algum trocado quando entregava alguma costura para elas. Geralmente os “quebrados” do valor total do serviço. Das parentas/clientes de tia Wanda tinha uma que junto com o serviço que queria de costura mandava um saquinho de fubá. E esse era a paga pelo serviço. Indignado eu contestava com tia Wanda:

_Mas a Senhora não vai cobrar a costura dela?

_Não, ela mandou o fubá!

_Mas tia ela mandou o fubá porque quis. A senhora não pediu.

_Mas o fubá é pra pagar o serviço. _Não é justo tia... A senhora trabalha a troco de fubá? _Fazer o que? Era a resposta dela. Eu chateado por não ter meu trocado assisti isso várias vezes.

A cinco anos moro numa casa alugada em Passos-MG. Ela tem um terreno grande com mandioca, milho, verduras e frutas plantadas. As quais sempre consumo. Mexerica, uva, pitanga e banana. Essa semana minhas bananeiras deram três cachos generosos. Era muita banana e como elas tem preço de banana não pensei em vendê-las. Afinal não tenho tempo e seria mais nobre doá-las, pois consumir seria “inumano” mesmo sendo oriundo dos primatas. Reparti as bananas com os vizinhos e conhecidos.

Dias acontecem que o dinheiro encurta, as contas vencem e precisamos passar óleo de peroba na cara. Meu aluguel já havia vencido alguns dias. Inquilino responsável que sou fui até o proprietário do imóvel, parente de minha mulher. Nunca me cobrou. Mas antes que ele fizesse jus da justiça fui visitá-lo logo pela manhã. Encontrei-o tomando café com a esposa. E assim que me viu na porta sorriu. Eu também sorri com algumas bananas na mão...

Gleisson Melo
Enviado por Gleisson Melo em 18/03/2012
Reeditado em 16/01/2022
Código do texto: T3562164
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