A LIÇÃO DOS PÁSSAROS

Nós temos muitas lições a aprender com os pássaros. Uma delas é a alegria que eles têm ao celebrar, a cada alvorecer, os prenúncios de um novo dia.

Assim que as primeiras claridades se insinuam, eles iniciam o seu canto alegre. Fico pensando que uma das razões para isso talvez se deva ao reconhecimento de que, mais uma vez, conseguiram driblar os seus predadores noturnos, que são muitos.

A noite traz os perigos para a sua frágil sobrevivência, pois nesse lapso de tempo o seu vôo é limitado. Têm que ter algum refúgio que os proteja, bem como aos ovos e aos filhotes no ninho.

Por isso, cada novo amanhecer se reveste de um significado especial: foram poupados por mais uma vez. Podem voar livres e se fartar dos frutos desse velho mundo, quase sem limites.

Os homens aprenderam a voar com os pássaros, inventando o avião.

Contudo, esqueceram-se de aprender com eles essa alegria da celebração cotidiana de sua existência milagrosa.

E olhe que talvez tenhamos muito mais predadores do que eles. Como já disse alguém, o homem é o lobo do homem.

E, na maioria das vezes, os nossos predadores são silenciosos, esquivos e dissimulados. E não atacam só à noite. Vivem à espreita 24 horas ininterruptas. Ás vezes nem os percebemos e nem sabemos como estão nos emboscando. Viver é sempre um perigo, um eterno desafio.

Por isso nós, mais que os pássaros, deveríamos limpar a garganta e cantar o agradecimento à existência.

Cecília Meireles foi uma grande discípula dos pássaros. Aliás, é, pois os poetas não morrem: eternizam-se em seus mágicos versos.

Aprendamos com cântico-pássaro da Cecília: "Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa..."




José de Castro
Enviado por José de Castro em 23/01/2007
Código do texto: T356238
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