THE WINNER TAKES IT ALL

Prof. Antônio de Oliveira

antonioliveira2011@live.com

O vencedor leva tudo. No Brasil, uma vez eleito(a), o/a presidente leva tudo, isto é, entre outros trunfos, além do triunfo, leva um lote de milhares de cargos para lotear numa generosa barganha com os aliados políticos, independentemente da competência profissional. O nepotismo se torna um direito familiar de quem ingressa nas fileiras do legislativo, do executivo e do judiciário. QI, de quem indicou, vale mais do que o QI, quociente de inteligência e competência, e de responsabilidade. A mídia promove filhos e parentes de famosos. Lojas sorteiam um caminhão inteiro de prêmios para uma única pessoa.

Na verdade, tais distorções não parecem exclusivas da cultura brasileira.

O termo nepotismo parece ter sua origem na autoridade que os sobrinhos e outros parentes do Papa exerciam na administração eclesiástica. No mundo todo se cultiva o hábito de incensar vencedores e tripudiar sobre vencidos. São comuns as histórias de saques depois de um acidente, depois de uma inundação. Quatro funcionários foram flagrados manuseando bens encontrados no depósito para onde foram levados escombros dos prédios que desabaram, no centro do Rio de Janeiro, em janeiro de 2012.

Historicamente, além de fazer inúmeras vítimas, numa guerra os vencedores ainda ficam com os espólios. Há mais uma cena chocante, depois da bárbara execução de Jesus. Os soldados tomaram suas roupas e dividiram-nas em quatro partes, uma para cada um. Restando, ainda, a túnica que não tinha costura, pois era toda tecida de alto a baixo, disseram: “Não convém rasgá-la: deitemos sorte para ver para quem sai”.

Nossa mega sena, principalmente quando o prêmio fica acumulado, premia uns poucos ganhadores com milhões quando todo o resto fica a lamber embira, com a agravante ainda de que a fidelização na fezinha mantém cativa toda uma população de baixa renda, cuja única esperança às vezes é ganhar na sorte grande. Assim, ai dos vencidos... O vencedor leva tudo.

fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 23/03/2012
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