A Escola em Chamas

No dia 25 de agosto de 1977, faltou água à Escola Estadual Monsenhor Domingos Evangelista Pinheiro, ainda no sobrado do Largo da Matriz, e os bons vizinhos socorreram para que as serventes enchessem o filtro de cada sala. A conselho das professoras, as crianças beberam sem desperdício para que não ficasse ninguém sem tomar água. O sol estava forte, às quinze horas; e todas queriam matar a sede que se manifestava intensa, após o recreio.

Recomeçaram as atividades, quando, na sala dos fundos do segundo pavimento, deu um curto-circuito. O assoalho muito velho e todo de madeira, com grandes rachas que deixavam passar o lixo que por ali se armazenava. O fogo teve por onde se espalhar e com chamas altas chegou às crianças. O fusível foi desligado na hora. Logo as serventes novamente arrumaram latas d’água com a vizinhança. Os alunos em gritaria se dirigiram à escada. Houve muita aflição, mas as professoras tentaram ao máximo manter o controle e acalmar as crianças. Elas começaram a cantar músicas do folclore infantil como “A linda rosa juvenil”, “Atirei o pau no gato”, “Ciranda, cirandinha...” e persuadindo as crianças a descerem mais devagar os degraus da escada, que na praça teriam uma surpresa.

Nestas alturas, as labaredas estalavam e a fumaça se elevava. Colocadas as crianças na praça, o mais longe possível do prédio, em segurança, as professoras voltaram para ajudar a tirar os arquivos, livros e papéis, o que pudessem salvar do fogo. Algumas foram jogando os livros e cadernos pelas janelas.

Comunicada, a Prefeitura mandou caminhões pipas, os pais e vizinhos ajudavam a carregar carteiras e mesas para fora do prédio. Graças a Deus, o fogo foi apagado e não se alastrou para as outras salas, mas a fiação ficou toda comprometida. A escola garantiu a integridade física do prédio que, assim, pôde acolher o Museu histórico de Divinópolis.

A nova sede da escola já estava pronta, no entanto sem móveis, carteiras e até o alvará de funcionamento. Resultado: improvisando-se tudo, a atual E. E. Monsenhor Domingos recebeu o que restou da velha, abrindo suas portas no histórico 25 de agosto de 1977 — a mesma data do incêndio e da vida nova.

fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 24/03/2012
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