ASSISTENCIALISMO: O PRATO CHEIO DE UMA CERTA ELITE BRASILEIRA

(Escrito em 2.005)

Ninguém vai negar que um pedaço de pão, um prato de comida seja a maior dádiva para quem tem fome. Também, não se contesta a boa intenção de pessoas e setores da sociedade que, impulsionadas pelo sentimento fraternal e de amor ao próximo, desenvolvem ações em benefício de pessoas e comunidades carentes. O que nos preocupa é a tendência a transformar em modismo, boas ou más ações, principalmente, quando veiculadas na média, às vezes, de forma sutil, escondendo intenções escusas de minorias privilegiadas, em detrimente dos interesses da maioria do povo.

Pois bem, já há alguns anos vem crescendo vertiginosamente toda forma de assistencialismo, no Brasil (mutirão, voluntariado, sacolão, panelão, cesta básica, descontos: no transporte, no gás...; bolsa-escola,...; enfim, até o propalado Fome-Zero).

Achamos que tudo isso só está adiando, para um futuro distante, as mudanças sociais de que nosso país carece. Expliquemos nosso pessimismo. É que o brasileiro vimos nos acostumando a isto que se transformou em modismo assistencialista, cujas ações não estão, efetivamente ajudando na realização de nossos verdadeiros anseios, quais seja: acesso a um bom programa de saúde, às boas escolas, a moradia, a igualdade de direitos e, principalmente, às condições de nos auto-sustentarmos trabalhando e ganhando salários dignos.

Então, cabe perguntar: por que vozes não se levantam contra esse estado de coisas? Ou se levantam são tímidas e sussurradas? Cremos que é justamente por causa de nosso comodismo e, principalmente, porque a “poderosa elite” (desprovida de qualquer sentimento patriótico e insensível à miséria alheia) não está se sentindo ameaçada, ao invés disso, vem sendo a mais beneficiada, porque, senão vejamos – enquanto perdurar o assistencialismo: não se cogita de uma justa distribuição de renda, a reforma agrária e a demarcação de terras indígenas ficam só na conversa, não se faz uma profunda reforma previdenciária, política, judiciária e tributária e, por conseguinte, não há um incisivo combate à corrupção e ao desvio de verbas públicas.

E, “o melhor de tudo”, o clima fica propício para a burguesia praticar a “caridade – sem – nenhum – interesse”. A não ser, claro: ganhar alguns “votinhos” nas eleições, vender mais produtos de suas empresas rotuladas de humanitárias (por causa de doações,...), ganhar incentivos fiscais e isenção de impostos (em troca de assistencialismo). Neste contexto, não vamos nem comentar o “papel-social” desempenhados por algumas ONGs.

Por esse prisma, dá para entender o tamanho sucesso do assistencialismo no Brasil e, também, dá para prever que vai demorar muito acontecer uma ampla, verdadeira e justa reforma social em nosso país. Enquanto isso, só nos resta pedir a Deus que o “espírito assistencialista” continue insuflando nossos corações, pois o povo precisamos de muita e imediata ajuda.

Manoel de Almeida
Enviado por Manoel de Almeida em 25/03/2012
Reeditado em 13/05/2012
Código do texto: T3575387
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