A Lúcia, esposa do Jayme, amigos meus de longas e sofridas jornadas, é daquelas mulheres que sabem exatamente o que dizer, o que fazer quando os filhos aprontam surpresas.
       E foi a Aninha, de 4 anos que nesse domingo resolveu mergulhar de ponta cabeça na quina da mesa. Abriu o berreiro e chorou sentida largando-se no colo da mãe. Ela calmamente afagou o lugar machucado e deu um beijo demorado. Vinte segundos de ternura. E foi o que bastou. 
       A guria foi diminuindo o choro, e ela diminuindo o beijo e o abraço. Cinco minutos depois lá estava ela no gramado do jardim brincando, como se nada houvera acontecido.
       Continuamos a conversa.
       Para a Lúcia fora a coisa mais normal do mundo. Fazia isso todos os dias. Para mim, uma lição maravilhosa. E foi por isso que exclamei impressionado.
- Quer saber? Você ganhou do seu marido. Ele que é médico demora pelo menos uma semana para recuperar um ferido. Você cura em vinte segundos.
       E ela retrucou com aquele sorriso de mãe que ama seus pimpolhos.
- É que o Jayme não tem beijo de mãe!
       E disse uma grande verdade. Para criança espeloteada não há melhor remédio do que beijo de mãe. Que as mães sempre saibam disso!