Literatura em perigo

O rio da história do A-B-C veio desaguar no ciber café com letras. De passagem pelo sul procurando pela estátua de Anita Garibaldi, na oportunidade passei pelo consultório do Analista de Bagé onde encontrei-me com Tarsila do Amaral e Anita Mafald que procuravam pelos concretistas Oswald de Andrade e Mário de Andrade, homens a frente de seu tempo, pois eles arrancaram os brincos da burguesia com o texto Morte ao Burguês.

Tarsila do Amaral não deixou por menos e pintou o quadro Abapuru, onde a mulher sem cabeça parou de pensar e começou a agir e emergir e de lá para cá o Brasil mulher nunca mais foi o mesmo. E num poço de cultura abriram-se novas sepulturas para “o tempo e o vento”. Eu estou à caça destas mulheres só conquistadas com quatrocentos talheres, se é mesmo que elas existem. E os poetas que não adequassem ao concreto camonense estavam exilados em suas próprias poesias de estrofes, pois descobriram que o show do pecado tem código de barra e prazo de validade.

Na recepção ouvi uma voz conhecida recusando uma estátua na praça de Maranguape, ele ironizava os grilhões já nos forjaram. E o humorista exclama: Arte? Só vale quando você faz brincando e a plateia te aplaude de pé gritando e chorando.

Na saída encontrei-me com a arca das palavras, Raul Seixas procurando tratamento para o amargo da língua e Zé Ramalho procurando pelo mapa da alma da mulher. E o humorista debocha: “pensei que tivessem pegadas, mas entrei foi numa roubada! Em ídolo de barro eu tiro é sarro!” Procurando pelo protagonista da vida em revista onde o preestabelecido no silêncio do próximo falecido.

Na dicotomia das vidas vazias da ciber cultura uma sepultura para os poetas vazios em rede, arquitetando uma longa vida para o tão sonhado best seler mediado pela nova lei da mídia, cotidiano das novas severinas na interidade das possibilidades escapamos dos coronéis do chicote, mas caímos nas mãos dos coronéis do calote, docentes para inocentes.

Foleando o manual do visual de tudo que é feio, pois depois de encher o bucho, agora eu já posso dar-me ao luxo de gozar a cara de vocês. E o lixão atômico? Só de pensar já me causa vômitos. E as antas? Continuam a comer as plantas? E o mono carvoeiro sumiu neste atoleiro? E as florestas exuberantes continuam em festas? E os rios continuam frios?

Se você não tem me criticado, tu leste muito pouco e está muito mal informado. Depois deste mar de emblemáticas e eternas belezas só a certeza da incerteza basta-me.