Dia de feira

Pelo calendário há feira em cinco dias. De segunda à sexta-feira vão à feira as donas e os donos de casa que ainda mantém esse costume. Enquanto não disponho de tempo nos dias que o calendário consagrou para isto vou à feira no sábado. Gosto de ir cedinho e gasto uma hora e meia para ir, comprar e voltar para casa. Foi assim neste último sábado também.
Não satisfeita em comprar as coisas da minha lista também presto atenção às conversas e costumes pela feira. Gosto de pensar que fazer feira me conecta com um período antigo de costumes e da história. Às vezes a conversa é pra lá de desatualizada, o que me faz pensar que ouço coisas demais. Ao passar pelas primeiras banquinhas da feira ecológica ouvi um rapaz comentado a respeito de outro, que estava doente e agora teria que fazer sangria pelo menos uma vez ao mês. Intrigada, fui adiante.
Logo ali encontrei os últimos pés de rúcula e alface crespa. Ôpa! Oito horas e quase tudo vendido. Como faziam “los hermanos” nos áureos tempos da economia argentina, pedi dois de cada. Mais adiante comprei feijão, ovos, clorofila para a gata... Já estava na metade da feira onde há as bancas mais disputadas. Ali tem os feirantes que foram entrevistados e conquistaram um público fiel. Quando aquele programa semanal, que passa depois da novela das oito da noite, divulga dicas sobre alimentação natural fazer feira fica impossível, mesmo para quem madruga. Felizmente a moda passa e duas semanas depois encontro apenas os frequentadores de sempre.
Como detesto aglomeração dificilmente ultrapasso a metade da feira. No retorno me permito comprar um ou dois itens que não estavam na lista. Neste sábado comprei brócolis e cenoura. A vantagem de comprar legumes na feira é que eles são novinhos e ainda vem com rama. Não descobri a utilidade das folhas de brócolis, mas aprecio as folhas de cenoura em saladas e omeletes. Adoro listas. As de compra permitem fazer rapidamente as compras e não encher a sacola de coisas que não necessito. As outras listas também têm mil e uma utilidades.
No retorno, encontrei a mesma quantidade de rúcula e alface naquela banquinha e observei que havia algumas caixas, discretamente reservadas, contendo mais. Que danadinho, pensei. Ótimo negociante. Saber que há pouca mercadoria desperta a cobiça imediata dos compradores. O contrário também pode ser verdadeiro. Banca cheia, sinal de que há muitas opções a serem exploradas pela feira.
E a sangria? Pude ouvir as instruções finais da receita do fortificante natural. Misturar o vinho tinto, a água gaseificada, um cálice de vinho do Porto, açúcar e... Tive que continuar minha caminhada, afinal tinha folhas e mais folhas para lavar em casa.


meriam lazaro
Enviado por meriam lazaro em 01/04/2012
Reeditado em 15/07/2012
Código do texto: T3587936
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