TIRADENTES

Prof. Antônio de Oliveira

antonioliveira2011@live.com

O cidadão não apenas paga impostos, mas também taxas e contribuições de melhoria. E há os impostos indiretos, embutidos praticamente em todo tipo de mercadoria.

Numa entrevista, em 1996, predizendo a atual crise europeia, José Saramago, escritor engajado e Prêmio Nobel de Literatura, afirmou que, desgraçadamente, estava se passando das promessas do Estado-providência à realidade que é o Estado-vampiro. E deixou no ar a pergunta: “A quem está servindo um Estado que não nos serve?” Saramago usou o termo vampiro, com a propriedade de seu estilo. Vampiro corresponde a uma entidade que, segundo consta, sai das sepulturas, à noite, para sugar o sangue dos vivos. Em sentido figurado, vampiro é aquele que se enriquece à custa alheia, ou aquele que explora os menos favorecidos em benefício próprio.

Entre nós, o símbolo do imposto de renda é um leão, aliás, um símbolo indisfarçável da realidade, pelo menos com relação aos assalariados. Admiro o ar imponente do rei da selva, mas, no caso, é preciso dizer mais alguma coisa? Além disso, entre tantos escândalos, tivemos um conhecido como máfia dos sanguessugas, que desviava verba destinada à compra de ambulâncias.

A sanguessuga habita as águas doces e tem ventosas com que se liga aos animais a fim de sugar-lhes o sangue. Do mesmo modo, em sentido figurado, sanguessuga é a pessoa que explora outra, dela extorquindo vantagens. Um chupa-sangue.

Está ai para todo mundo ver (e fica por isso mesmo...) o impostômetro, uma ferramenta que registra os tributos arrecadados no Brasil, pela União, Estados e Municípios. O montante ultrapassa o quinto, imposto de 20% que o erário português cobrava sobre o ouro, a prata e os diamantes extraídos do solo brasileiro no período colonial. Terra sulcada, escravo surrado, povo sugado.

Ironias da história: hoje somos uma república. Ao pé da letra, coisa pública, cujo patrono é Tiradentes. E Minas continua minas, minas de minério.