Páscoa um Feriado que virou Comércio

Quando os suportes e prateleiras de supermercados começam a ficar vazias para acomodar novos produtos, principalmente na época dos meses de Março e Abril, já dá para se notar qual é o objetivo, abrigar os famosos ovos de chocolate que ainda virão. Semanas depois o mesmo estabelecimento parece outro, os ovos já estão espalhados por todos os locais, disseminado pelos cantos e prateleiras, fazendo com que para qualquer lado que olhe se veja a imagem de um coelho ou algo que faça inferência a tal data. Mas será este o verdadeiro fim da data?

Uma amiga me ligou, ia fazer as compras pascoais e queria uma ajuda para escolher os ovos, chocólatra como sou, não titubeei, nestas datas é sempre comum promoters dos produtos estarem demonstrando cada marca e de pedacinho aqui pedacinho lá, dá para dar uma escapadinha da dieta, sem o remorso posterior.

Ao entrar na passarela que dava acesso ao supermercado uma imensidão de cartazes com coelhos, brindes, descontos....Tudo para chamar a atenção para os ovos que se sucederiam, fazendo com que o consumidor se sinta instigado a consumir e adquirir tais produtos.

Entramos e posso classificar que aquele espaço estava uma lata de sardinhas de tanta gente, uns para cá outros pra lá, listas nas mãos carrinhos saturados de ovos, os quais das mais variadas cores e valores, alguns apenas charlatanismos, colocam um brinquedo enorme, e o chocolate que é bom, nada, brinquedinhos safados os quais você compra nas lojas de um e noventa e nove e os preços exacerbados não param de subir.

Olhava para os lados e não me conformava com a mente consumista das pessoas, carrinhos cheios, uma moça com uma lista nas mãos, óculos na ponta do nariz a riscar cada qual, e em alto e bom som a gritar:

- Décimo Terceiro, vou pegar o próximo!

Outros no celular a confirmar qual a marca do chocolate que determinada pessoa gostaria de receber, olhavam cada qual escolhido e acabavam até oferecendo mais. Ou sou pobre demais ou a população vem nadando no dinheiro.

Minha colega não foi diferente, não conseguia nem contabilizar quantos ela já havia escolhido, bastava ela bater o olho jogava no carrinho, para minha surpresa quando o carrinho encheu, pegou outro dizendo:

- Agora vamos aos dos meus netos

Fiquei de boca aberta já não bastavam àqueles tantos que havia escolhido?

No final da compra, o valor total possuía ínfimos zeros, achei até que seriamos barrados por ela não ter o dinheiro. Para minha surpresa:

- Mocinha, aqui no cartão de crédito. - dizia ela a balconista

Não quis nem imaginar quando a fatura chegasse, retornei para casa, encasquetado com isso. Muitas vezes as pessoas olham tudo isso como um sinal de status, possuir ovos de chocolate em tal época virou símbolo social.

Chego novamente à conclusão de que as pessoas valoram mais ter e não o ser. O que devia acontecer não ocorre, nos costumeiros churrascos de Páscoa, cada qual fica em um canto, uns nem olham na cara do outro, e a reflexão proposta pelo feriado não vinga. Proponho uma reflexão para esta Páscoa, uma busca pela nossa essência, uma busca pela união e renovação, pois é isso que Cristo nos propõe em tal data, diferindo do Feriado extremamente comercial ao qual a Páscoa vem sendo associada.

Desejo a todos os leitores do Recanto das Letras uma ótima Páscoa e que as graças dos céus cais sobre seus lares. Estes são meus sinceros votos.

Vinícius Bernardes

Vinícius Bernardes
Enviado por Vinícius Bernardes em 04/04/2012
Reeditado em 04/04/2012
Código do texto: T3594071
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